Autoridades apreensivas com a possível entrada de casos de Covid-19 importados
A preocupação foi manifestada ontem pelo coordenador da Comissão Provincial de Contingência para a Covid-19, Alberto Paca, na abertura de uma acção formativa de capacitação e actualização destinada aos técnicos de saúde
As autoridades sanitárias da província de Cabinda estão apreensivas com uma possível importação de casos de coronavírus para a região, devido à entrada de cidadãos das Repúblicas dos Congos Brazzaville e Democrático que violam sistemática e ilegalmente a fronteira comum. A preocupação foi manifestada ontem pelo coordenador da Comissão Provincial de Contingência para a Covid-19, Alberto Paca, na abertura de uma acção formativa de capacitação e actualização destinada aos técnicos de saúde sobre o manuseamento de casos de coronavírus.
Segundo Alberto Paca, a cidade de Ponta Negra (Congo Brazzaville) localizada a cerca de 100 quilómetros a nordeste de Cabinda, já tem o registo de casos de contaminação comunitária de Covid-19, tendo apelado à necessidade de “não baixar a guarda” em relação às medidas de prevenção. “A cidade de Ponta Negra tem, claramente, uma transmissão comunitária. As nossas fronteiras são bastante vulneráveis e temos registado a detenção de cidadãos que atravessam-na por vias rudimentares ou tradicionais para o território nacional”, disse.
Esta situação, de acordo com Alberto Paca, significa haver a possibilidade de a pandemia da Covid-19 entrar em Cabinda a partir dos países vizinhos, que já registam um número considerável de casos de transmissão da doença pela contaminação comunitária. Por esse facto, defendeu a necessidade das autoridades sanitárias da província não estarem apenas atentas aos casos importados registados em Luanda, já que, como referiu: “o nosso maior perigo está mesmo aqui ao lado”.
A preocupação do coordenador da Comissão Provincial de Contingência para a Covid-19 está igualmente direccionada à RDC, onde também foram registados casos de transmissão comunitária. Considerou que o movimento de pessoas de Kinshasa para a fronteira comum do Yema, entre os dois países, faz-se com uma simplicidade tal, e apesar de as fronteiras estarem fechadas, “o fluxo migratório na nossa região é de fora para dentro, na medida em que a situação económica estável de Angola atrai os nossos vizinhos.”
“Esses factores colocamnos numa situação de tensão permanente. A qualquer momento podemos ter uma situação que desequilibre toda a nossa realidade epidemiológica ao nível da província. Para isso, temos que nos preparar do ponto de vista preventivo e do ponto de vista hospitalar”, sublinhou.
Durante os quatro dias de formação, os técnicos de saúde em Cabinda vão receber conhecimentos sobre a epidemiologia do coronavírus, quadro clínico da doença, meios de diagnóstico, tratamento e complicações da Covid-19. Para Alberto Paca, que é igualmente vice-governador de Cabinda para o Sector Político e Social, a presente acção formativa visa capacitar os técnicos de saúde sobre os procedimentos a ter perante casos suspeitos e confirmados de Covid-19.
“Daí que se impõe essa formação para estarmos teoricamente preparados (...), porque a falta ou má preparação dos técnicos pode levar a pandemia a encontrar-nos desprevenidos e provocar uma transmissão acentuada entre os profissionais de saúde.”
“É preciso perceber a fisiopatologia da actuação dessa doença para que possamos tomar as medidas terapêuticas, quer de pequena monta, de média gravidade e da gravidade intensiva, porque os casos suspeitos podem acontecer em qualquer ponto da província.”
Apelou para a necessidade dos quadros do sector estarem preparados sobre como proceder perante casos de um suspeito de Covid, os protocolos a aplicar e trabalhar dentro de um ritmo de funcionamento para se cometer poucos erros.