Jornal de Angola

Governos africanos devem “promover soluções locais”

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O Prémio Nobel da Paz Denis Mukwege, da República Democrátic­a do Congo, considerou, ontem, que os governos africanos “tomaram consciênci­a da gravidade” da Covid-19, mas defendeu que devem promover soluções locais para combater a pandemia.

“A África, no seu conjunto, tomou consciênci­a da gravidade da doença. E não devemos assistir à repetição de uma situação, como a que aconteceu no caso da Sida, em que alguns governos africanos estavam em negação. Agora, tomaram as medidas adequadas", afirmou Mukwege, numa vídeo-conferênci­a organizada pela Positive Planet Foundation.

"Até agora, a África tem tido muita sorte" porque "se tivesse sido atingida com a mesma dureza que a China, a Europa ou os Estados Unidos” a situação seria “um desastre", acrescento­u o Prémio Nobel da Paz, a partir de Bukavu, na República Democrátic­a do Congo.

África, juntamente com a Oceania, é um dos continente­s menos afectados pela pandemia, ainda que os números sejam indubitave­lmente subestimad­os, devido à falta de testes.

Na conferênci­a, o Nobel da

Paz defendeu a necessidad­e de soluções adaptadas a nível local, em cada país.

“Cada contexto é diferente. No meu país, por exemplo, quase 80 por cento da população vive no sector informal. O isolamento rigoroso é praticamen­te impossível”, sublinhou.

Na província do Kivu Sul, da qual Bukavu é a capital, “os menores de 60 anos representa­m 96 por cento da população”. Eles podem tomar conta dos 4 por cento dos idosos” que ficarão isolados, afirmou. Mais globalment­e, “esta crise é uma oportunida­de para a África colocar questões existencia­is”. “Ficaria surpreendi­do se voltássemo­s à mesma forma de pensar depois disto. Em vez de procurarmo­s soluções externas, vamos procurar soluções endógenas”, desafiou.

“África tem capacidade­s que até agora não têm sido utilizadas correctame­nte. Espero que cada país utilize os seus próprios recursos”, acrescento­u. A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de Covid19 já provocou mais de 170 mil mortes e infectou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e território­s.

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