Cyril Ramaphosa lamenta desvio de ajuda alimentar
Notamos que o confinamento revelou uma falha muito triste na nossa sociedade, mostrando que a pobreza, a desigualdade e o desemprego estão a destruir o tecido humano nas comunidades
“Várias províncias receberam relatórios de que indivíduos insensíveis, alguns deles supostamente oficiais do Governo, estão a acumular ou vender kits alimentares destinados aos mais carenciados, ou desviando-os para amigos e familiares”
O Presidente Cyril Ramaphosa manifestou-se preocupado com relatos de desvio de bens alimentares destinados a ajudar as famílias e indivíduos carenciados durante o confinamento devido à pandemia da Covid-19.
O Chefe de Estado expressou o descontentamento através do seu boletim semanal publicado à segundafeira, na plataforma digital Twitter.
"Várias províncias receberam relatórios de que indivíduos insensíveis, alguns deles supostamente oficiais do Governo, estão a acumular ou vender kits alimentares destinados aos mais carenciados, ou desviando-os para amigos e familiares", escreveu Cyril Ramaphosa.
No documento, o Presidente sul-africano promete tratar de forma severa as pessoas implicadas, caso as alegações sejam comprovadas.
Como acontece em muitos outros países do mundo, a África do Sul impôs o confinamento das pessoas até 30 de Abril, na esperança de se evitar a propagação do novo coronavirus que já matou mais de 54 pessoas no país.
"Tomamos estas precauções no nosso país, mas notamos que o confinamento revelou uma falha muito triste na nossa sociedade, mostrando que a pobreza, a desigualdade e o desemprego estão a destruir o tecido humano nas comunidades", sublinhou o Presidente da República.
Cyril Ramaphosa disse ter ficado comovido com imagens de pessoas desesperadas por comida nos centros de distribuição, enquanto as comunidades protestam por falta de alimentos.
"Não pode haver angústia maior que a de um pai cujos filhos clamam por comida e este não consegue providenciar. Não pode haver maior injustiça numa sociedade em que alguns vivem com todo o conforto e abundância, enquanto outros lutam até ao limite para sobreviverem com pouco ou nada", prossegue o Presidente no seu boletim semanal.
Embora tenha atribuído estas atitudes aos "efeitos residuais de um passado fracturado e desigual", Cyril Ramaphosa acrescenta que não deixa de ser "um sintoma fundamental e de fracasso na sociedade pós -apartheid".
O Presidente sul -africano escreve ainda que "o confinamento nacional em resposta ao coronavirus exacerbou gravemente um problema de longa data".
Embora o Estado Nacional de Desastres e a imposição de um confinamento nacional tenham sido implantados, “o apoio aos cidadãos vulneráveis tem sido lento”, concluiu.