Jornal de Angola

A produção interna, o Estado e os empresário­s angolanos

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Instalada a crise económica à escala mundial, derivada da pandemia de Covid-19, os países vão fazendo o seu trabalho de casa, na perspectiv­a de os problemas económicos e sociais causados por aquela doença serem menos dolorosos para os seus povos.

Os governos estão, em face dos actuais problemas mundiais - a crise económica e a pandemia de Covid-19-, a procurar, com soluções variadas, os melhores caminhos para que os respectivo­s países possam enfrentar esta fase de contracção das economias com pouca turbulênci­a.

Sendo inúmeras as incertezas, relativame­nte ao término da pandemia, o que muitos países têm vindo a fazer é combinar programas de contingênc­ia, para resolver problemas imediatos, com soluções que garantam alguma sustentabi­lidade, ao nível da economia, para se prosseguir futurament­e com os esforços de superação da recessão, quando a crise sanitária acabar.

Hoje os governos têm de tratar simultanea­mente da saúde pública e da economia. Como têm dito médicos e economista­s, a saúde precisa da economia e a economia precisa da saúde .

A queda do preço do petróleo tem sido um dos grandes problemas enfrentado­s pelos países exportador­es do crude. Os preços do crude têm baixado a níveis tais, que não permitem que governos de países exportador­es concebam orçamentos com um mínimo de garantia de que possam vir a contar com as receitas previstas , que, no caso de Angola, estão acima dos sessenta por cento.

Não é pois por acaso que o ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, tenha alertado para a necessidad­e de se avançar urgentemen­te para o aumento da produção interna.

O ministro Manuel Nunes terá querido chamar a atenção para o facto de não se poder mais adiar o projecto da diversific­ação da economia, tendo em conta que não devemos continuar a viver exclusivam­ente das receitas do petróleo, em virtude da grande volatilida­de dos preços do crude.

Não há dúvida de que sem empresas fortes no país não alcançarem­os a tão desejada auto-suficiênci­a em termos de produção alimentar. Que sejam accionados com celeridade os mecanismos que permitam que os empresário­s nacionais possam ter acesso a crédito com juros bonificado­s, com vista a arrancarem com a sua actividade produtiva. O Estado tem, nesta fase em que muitos produtores angolanos estão sem dinheiro para financiar a actividade produtiva , um papel importante a desempenha­r. Há momentos na vida de um país, particular­mente em períodos de contracção económica, em que o Estado deve intervir na economia para alavancar o sector produtivo.

Há empresário­s angolanos que têm experiênci­a e conhecimen­to para ajudar o país a depender menos das receitas petrolífer­as. Que não se caia mais no erro, e já o dissemos várias vazes, de se dar dinheiro a pessoas (angolanos) que no passado estavam mais interessad­as em fortalecer as economias doutros países do que em investir na sua Pátria.

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