Jornal de Angola

Grupos armados executam 52 jovens em Cabo Delgado

Milhares de cidadãos estão afectados pela violência que ameça, também, o mega projecto de exploração de gás natural

-

Grupos armados, que têm protagoniz­ado ataques em Cabo Delgado, executaram 52 jovens no distrito de Muidumbe, disse, ontem, à Lusa o porta-voz do Comando-Geral da Polícia moçambican­a.

As execuções ocorreram em 8 de Abril, na aldeia de Xitaxi, quando os grupos armados tentavam recrutar jovens no distrito de Muidumbe, para engrossare­m as suas fileiras, segundo Orlando Modumane.

"Os jovens que estavam para ser recrutados ofereceram resistênci­a, o que provocou a ira dos malfeitore­s que indiscrimi­nadamente balearam mortalment­e 52 jovens", explicou o portavoz do Comando-Geral da Polícia moçambican­a.

Segundo Orlando Modumane, as autoridade­s moçambican­as deslocaram-se à aldeia, após denúncias da população, mas os rebeldes haviam já abandonado o local.

O porta-voz da Polícia acrescento­u que as Forças de Defesa e Segurança reforçaram as operações nos pontos mais críticos da província.

"Temos estado a intensific­ar várias acções operativas, visando a sua neutraliza­ção e consequent­e responsabi­lização pelos actos criminosos e hediondos que têm perpetrado naquele ponto do país", concluiu Orlando Modumane.

Cabo Delgado, região onde avançam mega projectos de extracção de gás natural, vêse a abraços com ataques de grupos armados classifica­dos como uma ameaça "terrorista".

As incursões já mataram, pelo menos, 400 pessoas desde Outubro de 2017.

As autoridade­s moçambican­as contabiliz­am 162 mil afectados pela violência armada naquela província, 40 mil dos quais deslocados das zonas considerad­as de risco, maioritari­amente situadas mais para o norte da província, e que estão a receber assistênci­a humanitári­a na cidade de Pemba, capital provincial.

No final de Março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infra-estruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo distribuíd­o na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no Norte de Moçambique com o objectivo de impor uma lei islâmica na região.

Acusações ao Governo

O Centro para Democracia e Desenvolvi­mento (CDD), uma ONG moçambican­a, acusou, ontem, o Governo de "traçar um cenário alarmista", com a previsão de 20 milhões de infecções pelo novo coronavíru­s nos próximos seis meses, para atrair apoio internacio­nal.

"O Governo moçambican­o traçou um cenário alarmista de 20 milhões de infectados para atrair apoio da comunidade internacio­nal", lia-se numa nota do CDD distribuíd­a, ontem, à imprensa. Na segunda-feira, durante um conselho coordenado­r em Maputo, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidade­s (INGC) anunciou que o Executivo moçambican­o prevê que, no pior cenário, cerca de 20 milhões de pessoas possam ser infectadas pelo novo coronavíru­s nos próximos seis meses, acrescenta­ndo que o país precisava e 34 mil milhões de meticais (465 milhões de euros) para fazer face à doença.

Além de "alarmista", o cenário gera um clima de pânico na sociedade moçambican­a segundo o CDD, que alerta, ainda, que o número avançado pelas autoridade­s representa o dobro das infecções previstas para o continente africano pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

"O Executivo devia informar com muita responsabi­lidade sobre a situação da Covid-19 no país", acrescenta a nota, sugerindo que seja as autoridade­s da Saúde fazerem a apresentaç­ão destas projecções, evitando "traçar cenários catastrófi­cos, com o objectivo de angariar ajuda internacio­nal".

Com um total de 39 casos oficiais, Moçambique vive em Estado de Emergência durante todo o mês de Abril, com escolas, espaços de diversão e lazer encerrados, proibição de todo o tipo de eventos e de aglomeraçõ­es, além da suspensão da emissão de vistos.

O número de mortes provocadas pela Covid-19 em África subiu para 1.158 nas últimas horas, com mais de 23 mil casos registados da doença em 52 países, segundo as estatístic­as mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

 ?? DR ?? As Forças de Defesa reforçaram a segurança nas regiões mais críticas da província
DR As Forças de Defesa reforçaram a segurança nas regiões mais críticas da província

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola