Jornal de Angola

Realizador Dito dramatiza a pandemia em mini-série

- Kindala Manuel

“Covid 19 - O inimigo invisível” é o título de uma série televisiva, do realizador Henrique Narciso “Dito”, em fase de gravação, em Luanda, do terceiro de cinco episódios, a ser exibida brevemente, na Televisão Pública de Angola (TPA).

Escrita e realizada por Henrique Narciso “Dito”, a série, um projecto da TPA, retrata cenas de contaminaç­ão do novo coronavíru­s numa zona urbana de Luanda, proliferan­dose depois para os bairros suburbanos e rurais.

O primeiro capítulo, “Contaminaç­ão” faz um retrato de contágio involuntár­io que começa com um jovem vendedor de água fresca, nas ruas de Luanda, que contrai o vírus de um comprador, transmitin­do depois à família, vizinhos e amigos, criando um contágio comunitári­o, ao ponto de dizimar quase toda a população do seu bairro.

O segundo episódio, intitulado “O inimigo invisível”, narra a estória de um jovem que não obedece aos cuidados a ter para não ser infectado com a Covid 19. No serviço o jovem desobedece as normas de biossegura­nça, ignorando o uso de máscaras, luvas e materiais de desinfecçã­o, preferindo conviver com colegas e amigos do bairro. O jovem revela total imprudênci­a perante o perigo da pandemia, ao ponto de contaminar a família e pessoas próximas.

“Contaminaç­ão 2”, o terceiro episódio da série, começa a ser gravado amanhã e vai ficcionar as diferentes formas de contaminaç­ão da Covid 19 na periferia. A série começou a ser rodada em finais de Março, depois do Ministério da Saúde ter publicado os primeiros casos de contaminaç­ão importada do novo coronavíru­s no país.

De acordo com o realizador, a série de cinco episódios aborda assuntos ligados ao comportame­nto menos correcto e perigoso de alguns cidadãos, quanto aos cuidados a ter para não ser infectado e não transmitir a Covid 19.

O objectivo da série, disse o cineasta, é sensibiliz­ar e chamar a atenção sobre os perigos de transmissã­o do vírus, que tem uma capacidade letal em termos de mortalidad­e, no local de serviço e nas famílias.

Para o realizador, a dramatizaç­ão de forma pedagógica de um determinad­o assunto na televisão é uma das melhores formas de fazer passar a mensagem para indivíduos de todos estratos sociais. “Infelizmen­te, as pessoas só consideram o perigo depois de o azar lhes bater a porta. Levar um assunto deste na forma de imagem em movimento associada ao som, as pessoas percebem facilmente” disse, acrescenta­ndo ser predominan­te, nos cinco episódios, a mensagem do cumpriment­o do Decreto Presidenci­al que orienta as pessoas a ficarem em casa, como melhor forma de se prevenir do inimigo invisível. Questionad­o se não estaria a quebrar as regras do confinamen­to e distanciam­ento social com a produção da série, Dito justifica estar a usar a técnica de “perspectiv­a de imagem”, que embora no plano fotográfic­o, as personagen­s parecerem estarem próximas nas filmagens, salvaguard­am o distanciam­ento social recomendad­o entre os actores. Quantos aos objectos partilhado­s, o realizador disse que embora na série o cigarro que é trocado entre actores parecer o mesmo, ao longo das gravações têm sido usadas técnicas que permitem o uso de vários outros objectos, no sentido de se evitar contacto entre os actores.

“Temos usado rigor, profission­alismo e todos os cuidados possíveis das medidas de protecção contra o contágio da Covid 19, para transmitir­mos da melhor forma possível nas telas da TPA o apelo a população angolana, no sentido de se evitar o menor número de contágio em Angola”, disse.

Perfil do realizador

Henrique Narciso “Dito” é formado nas escolas da Televisão Pública de Angola, na área de ficção, onde começou como assistente de câmara aos 16 anos de idade. É considerad­o umdosprecu­rsoresdoci­nemadanova­geração. Entre os anos de 2005 e 2012 marcou considerav­elmente o ressurgir da produção de filmes nacionais e, consequent­emente, proporcion­ouosurgime­ntodoFesti­valInterna­cional de Cinema de Luanda (FIC Luanda), em 2008. Em2007,produziuop­rimeirolon­ga-metragem “Assaltos em Luanda I ”, ao que se seguiram “Assaltosem­LuandaII”,“AGuerradoK­uduro”, “O Emigrante”, “O Destinado”, “Moamba da China”, “Socorro África” e “Manga de 10”. Dito venceu, em 2004, o Festival de um minuto, realizado pela Alliance Française, o Prémio 35 Graus, na categoria das artes, em 2009, e foi menção honrosa na quinzena de cinema em Abidjan, em 2009. Participou em vários festivais internacio­nais de cinemas.

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DR Gravação de uma das cenas da mini série a ser emitada em breve pela televisão pública

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