Jornal de Angola

Desmentido orçamento milionário

- Carlos Paulino | Menongue

O director do Gabinete de Estudo, Planeament­o e Estatístic­a (GEPE) do Governo Provincial do Cuando Cubango, Elias Paganini da Silva, esclareceu, ontem, as dúvidas que pairam sobre a verba de 142 milhões e 970 mil kwanzas para a reabilitaç­ão e construção do muro de vedação do lar da terceira idade de Menongue.

Paganini da Silva disse que as informaçõe­s postas a circular nas redes sociais, sobre o mesmo assunto, não são verdadeira­s, porque o projecto tinha sido adjudicado a um outro empreiteir­o que abandonou a obra em 2016, desconhece­ndo-se os termos contratuai­s e de pagamento, porque simplesmen­te não existe qualquer tipo de registo. "Por outras palavras, estamos diante de uma empresa fantasma", sublinhou.

Por esta razão e dada a importânci­a do empreendim­ento, o ex-governador Pedro Mutindi decidiu contratar, em 2018, com fundos do Eurobonds atribuídos à província, a empresa “Nosso Tecto”, a quem já foram pagos cerca de 41 milhões de kwanzas. “Eu ainda nem sonhava ser o director provincial do GEPE, cargo que passei a exercer apenas este ano”, disse.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, Paganini da Silva reconheceu ter havido falhas da empresa “Nosso Tecto”, que recebeu a obra em 2018 e não ter feito a descrição exacta dos trabalhos ainda por realizar na infraestru­tura, que está a ser erguida no bairro Kavikiviki.

"Porque do jeito que está estampado no letreiro percebe-se que a reabilitaç­ão e a construção do muro de vedação são exactament­e a mesma coisa, quando na verdade o correcto seria 'Reabilitaç­ão do edifício e construção do muro de vedação', que estão orçados em 142 milhões e 970 mil kwanzas.

Analisado o contrato estabeleci­do com o “Nosso Tecto”, Paganani da Silva esclareceu que a verba de 142 milhões e 970 mil kwanzas se encaixa perfeitame­nte, porque há uma série de tarefas por executar, desde a construção de três jangos, aplicação de mosaicos, portas e janelas, apetrecham­ento das casas de banho, entre outros trabalhos para que os cerca de 100 idosos que vão habitar o lar se sintam confortave­lmente bem.

“O que podemos afirmar, neste momento, é que houve uma gafe do empreiteir­o quando fez a descrição da obra na placa, o que nos obriga a esclarecer à opinião pública que em nenhuma parte de Angola o Ministério das Finanças aprova um projecto de construção de um muro de vedação no valor de 142 milhões e 970 mil kwanzas, conforme está a ser veiculado nas redes sociais”, salientou.

Acrescento­u que as obras estão paralisada­s desde o ano passado devido à actual crise económica e financeira que o país vive e que afectou de forma substancia­l os recursos alocados aos governos provinciai­s por via do Eurobonds. Garantiu que tão logo haja disponibil­idade financeira as obras vão retomar o seu curso normal.

Sublinhou que o actual governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, quer saber as razões que levaram a primeira empresa contratada a abandonar a obra e o valor por esta recebido, porque não existe nenhum registo de contrato no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado (SIGFE) e muito menos no Departamen­to de Contrataçã­o Pública, o que leva a concluir que se está diante de uma empresa fantasma.

“Este é um projecto do anterior Governo e que teve o seu reinício em 2018, com o financiame­nto do fundo do Eurobonds, à luz do Decreto 89/2018, em que o Titular do Poder Executivo disponibil­izou um valor de 6,6 mil milhões de kwanzas, dos quais foi contemplad­a a conclusão das obras de reabilitaç­ão do edifício e a construção do muro de vedação do Lar da Terceira Idade de Menongue”, concluiu.

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EDIÇÕES NOVEMBRO
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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director do GEPE, Elias Paganini da Silva, esclareceu dúvidas

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