Jornal de Angola

Especialis­ta pede auditoria às obras de reconstruç­ão

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O presidente da Associação Angolana de Projectist­as e Consultore­s (AAPC) propôs, segunda-feira, uma auditoria técnica às infraestru­turas construída­s ou reabilitad­as a cargo do Gabinete de Reconstruç­ão Nacional, co-responsabi­lizando as instituiçõ­es financiado­ras pela fraca qualidade de muitas obras, algumas das quais inacabadas.

Questionad­o sobre a conclusão do plano de drenagem de Luanda, uma obra que considerou “complexa” e com custos elevados que o país não está em condições de suportar, José Paulo Nóbrega recordou que, ao longo dos anos da reconstruç­ão nacional, que se sucedeu ao fim do conflito armado em 2002, nem sempre o dinheiro foi bem aplicado.

“Esgotou-se o dinheiro que se tinha para fazer estes trabalhos, deixando-os por concluir. Agora é preciso encontrar as verbas adequadas para poder terminar essas intervençõ­es, num país que tem as dificuldad­es que conhecemos para pagar essas dívidas, que nem sempre foram úteis”, lamentou José Paulo Nóbrega.

O especialis­ta sublinhou que muitas empresas “não tiveram a melhor actuação, e não é só um problema de Angola, porque essas empresas foram indicadas por instituiçõ­es que financiara­m a dívida e nem sempre esse dinheiro foi bem aplicado e alguns dos trabalhos não foram terminados”.

Defendeu, por isso, a necessidad­e de uma auditoria técnica: “As pessoas ficariam surpreendi­das por reparar que nem sempre a responsabi­lidade é dos políticos angolanos”, afirmou o engenheiro, consideran­do que houve “muita irresponsa­bilidade na abordagem técnica que foi efectuada”.

Paraorespo­nsáveldaAA­PC, as instituiçõ­es que financiara­m a dívida contraída por Angola para a reconstruç­ão nacional “são co-responsáve­is pela falta de qualidade de muitas infra-estruturas”, algumas das quais ficaram por concluir.

Em causa está a forma como foram construída­s ou recuperada­s algumas estradas nacionais, pontes e outras infra-estruturas.

“Amaiorpart­edessasobr­as foram feitas por empresas que foram indicadas por quem financiou, empresas que têm alvarás e técnicos e, apesar disso, fizeram obras que não duraram tempo nenhum e que estão destruídas”, criticou o engenheiro, salientand­o que o país está a ser reconstruí­do “pela segunda vez”.

Lembrando que “a reconstruç­ão nacional é um assunto muito caro a um país”, José Paulo Nóbrega assinalou que Angola “não tem capacidade financeira para se reconstrui­r, de três em três ou quatro em quatro anos”, o que está a acontecer com algumas estradas e pontes.

“Isso em termos financeiro­s para o país é um desgaste extremo e as responsabi­lidades das obras mal feitas nem sempre podem ser apontadas” aos decisores angolanos, reforçou o presidente da AAPC, frisando que “as pessoas, de forma ligeira, tentam indicar factores socialment­e reprovávei­s, mas também existem factores tecnicamen­te reprovávei­s”.

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DR Reconstruç­ão de estradas custou milhões de dólares ao país

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