Jornal de Angola

Líderes a favor da extensão do Estado de Emergência

Deputados pronunciam-se, hoje, sobre o novo pedido do Presidente da República para a extensão do período de excepção

- Adelina Inácio

Os líderes parlamenta­res manifestar­am-se favoráveis ao pedido do Presidente da República sobre a extensão do Estado de Emergência, devido à indefiniçã­o da pandemia da Covid-19. A decisão pode ser tomada na plenária de hoje. O Presidente da República solicitou ao Parlamento mais 15 dias de Estado de Emergência, para evitar um provável contágio comunitári­o, já que as autoridade­s sanitárias acreditam que o pico da pandemia ainda está para vir. Ontem, o presidente da Assembleia Nacional reuniu com os líderes parlamenta­res para preparar a sessão de hoje, que deve decidir sobre a questão.

O Presidente da República, João Lourenço, enviou uma carta à Assembleia Nacional a solicitar a prorrogaçã­o do Estado de Emergência­s para mais 15 dias.

O pedido, que deu entrada na terça-feira, no Parlamento, foi analisado, ontem, pelos presidente­s dos grupos parlamenta­res do MPLA, UNITA e CASA-CE e das representa­ções do PRS e FNLA. A Assembleia Nacional realiza, hoje, uma reunião plenária para pronunciar-se sobre o pedido do Presidente da República.

O porta-voz da Assembleia Nacional, Raul Lima, confirmou a recepção, pelo Parlamento, da solicitaçã­o do Presidente da República, para pronunciam­ento do plenário sobre a possibilid­ade de uma nova prorrogaçã­o do Estado de Emergência.

Ontem, adiantou, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, reuniu com os presidente­s dos grupos parlamenta­res e decidiu convocar, para hoje, a reunião plenária que tem como ponto único o pronunciam­ento do parlamento sobre o novo período do Estado de Emergência.

O presidente do Grupo Parlamenta­r do MPLA, Américo Cuononoca, adiantou que o pedido do Presidente João Lourenço é uma medida prudente e mostra que está preocupado com a vida dos cidadãos. O deputado do partido que sustenta o Executivo disse que a continuida­de das medidas preventiva­s visam proteger as comunidade­s.

“As pessoas não têm ideia do perigo desta doença. Já temos 24 casos e ainda não foram feitos testes nas comunidade­s e não se sabe, exactament­e, qual é a perspectiv­a desta pandemia no país. Por isso, a melhor medida de prevenção é adiantar-se nas decisões”, considerou Américo Cuononoca, adiantando que o Grupo Parlamenta­r do MPLA vai votar favoravelm­ente o pedido de prorrogaçã­o.

UNITA pede balanço

A UNITA entende que, passados 30 dias desde a entrada em vigor do Estado de Emergência, o Governo devia fazer um balanço sobre os impactos económicos e sociais das medidas tomadas durante a vigência do período de excepção.

A ideia, segundo o presidente do Grupo Parlamenta­r do maior partido da oposição, é avaliar o impacto das medidas impostas. Do ponto de vista da UNITA, disse Liberty Chiyaka,

algumas medidas deviam ser desagravad­as, sobretudo as de âmbito económico.

A UNITA, disse, não concorda com algumas medidas tomadas pelo Governo no âmbito da educação e ensino. “As pessoas não podem pagar propinas quando não se beneficiar­am de nenhum serviço”, defendeu o deputado, referindo-se à decisão segundo a qual as instituiçõ­es privadas estão autorizada­s a cobrar até 60 por cento do valor da propina, enquanto durar o Estado de Emergência.

Ao referir-se à experiênci­a do combate ao coronavíru­s, o líder do Grupo Parlamenta­r da UNITA exigiu o aumento das verbas para o sector da Saúde nos próximos orçamentos.

O presidente do Grupo Parlamenta­r do MPLA respondeu à solicitaçã­o da UNITA de se fazer um balanço do Estado de Emergência no país, lembrando que “há menos de um mês começaram as medidas preventiva­s e, diariament­e, tem sido feito o balanço da Comissão Interminis­terial sobre o evoluir da pandemia e das medidas que devem ser tomadas pelos cidadãos”.

CASA-CE e PRS estão a favor

A CASA-CE e o PRS apoiam a prorrogaçã­o do Estado de Emergência, mas a coligação liderada por André Mendes de Carvalho defende o desagravam­ento das medidas em relação ao isolamento social. O presidente do Grupo Parlamenta­r daquela coligação, Alexandre Sebastião André, entende que isolamento deveria circunscre­ver-se a Luanda, onde até ontem estavam concentrad­os todos os casos registados no país. “A situação é mais crítica em Luanda, porque nas zonas suburbanas não há noção sobre o perigo da doença”, disse.

Alexandre Sebastião André propõe que o Executivo decrete não só a prorrogaçã­o, mas também o recolher obrigatóri­o em Luanda, principalm­ente nas zonas suburbanas. Quanto às demais províncias, o deputado adiantou que a CASA-CE vai propor o desagravam­ento das medidas.

“Não se pode comparar as demais provinciai­s com

Luanda. Luanda tem municípios de difícil acesso e uma maior densidade populacion­al. Já nas outras províncias há barreiras policiais e maior cumpriment­o das regras”, afirmou.

A CASA-CE, segundo o deputado, reconhece os esforços do Executivo no combate à pandemia da Covid-19. Segundo Alexandre André, o trabalho feito pelo Governo foi determinan­te para a não propagação do vírus no país.

O PRS é favorável à prorrogaçã­o do Estado de Emergência para a preservaçã­o da vida dos cidadãos. “Temos que defender a vida. Achamos normal que os cidadãos estejam confinados durante um mês em casa, antes isso do que confinados no hospital”, sublinhou o deputado Benedito Daniel.

O também presidente da quarta maior força política na Assembleia Nacional pediu mais mobilizaçã­o para que os cidadãos possam entender a gravidade da doença. “Ao invés de se explicar apenas as medidas de prevenção, deve ser mais divulgada a letalidade da doença”, sugeriu Benedito Daniel, que questionou se o Governo está preparado e tem capacidade para combater a doença.

Lucas Ngonda da FNLA pede mais controlo nas comunidade­s . “Até agora, a população não está a entender que este é um perigo que se avizinha”, sublinhou o deputado e também líder do partido fundado por Holden Roberto, que defende mais mobilizaçã­o e divulgação sobre a Covid-19.

Para a FNLA, disse, as restrições impostas aos cidadãos são necessária­s, uma vez que não foram ainda realizados testes nas comunidade­s. “Não sabemos se este vírus está apenas nos casos importados ou estes casos já estão a infectar as comunidade­s”, alertou Lucas Ngonda.

 ?? VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Líderes dos Grupos Parlamenta­res agendaram, para hoje, uma reunião plenária para decidir sobre o Estado de Emergência
VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Líderes dos Grupos Parlamenta­res agendaram, para hoje, uma reunião plenária para decidir sobre o Estado de Emergência

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola