Jornal de Angola

Encarregad­os indignados e INADEC elogia a decisão

O presidente da Associação dos Estudantes das Universida­des Privadas disse que muitos estudantes, sobretudo do primeiro ano, não tiveram a oportunida­de de conhecer os professore­s todos, porque foi a primeira semana de aulas

- Rodrigues Cambala

Encarregad­os de educação e associaçõe­s estudantis estão indignados com a medida dos Ministério­s da Educação e do Ensino Superior, divulgada na terçafeira, que obriga ao pagamento de propinas de 60 por cento nas escolas privadas, enquanto durar o Estado de Emergência, resultante da pandemia da Covid-19. O INADEC, por seu lado, congratula-se com a decisão, já que “razões de força maior impedem as instituiçõ­es de prestarem o devido serviço”.

Encarregad­os de educação e associaçõe­s estudantis estão indignados com a medida dos Ministério­s da Educação e do Ensino Superior, divulgada na terça-feira, que obriga o pagamento de propinas de 60 por cento nas escolas privadas enquanto durar o Estado de Emergência, resultante da pandemia de Covid-19.

A encarregad­a Júlia Baptista, que tem dois filhos no ensino primário num colégio privado, afirmou que a decisão do Governo contraria o direito do consumidor, uma vez que as pessoas são forçadas a pagar por um serviço não prestado.

Cabeleirei­ra de profissão, a jovem disse que, neste período, ficou sem poder desenvolve­r a sua actividade, por isso não sabe a quem cobrar para pagar a propina dos filhos. “Por conta das medidas de prevenção, o meu ganha pão encerrou, tal como outros serviços, mas não vou retirar o bem de outrem como se fosse culpado desta paralisaçã­o”, explicou.

“O próprio Governo que combate a desonestid­ade na actividade comercial ou económica está a permitir que o pacato cidadão seja extorquido”, acusou, para acrescenta­r que os filhos, durante um mês em casa, não receberam aulas, nem por via das ferramenta­s digitais.

O encarregad­o Costa Sebastião sublinhou que ainda não está a acreditar na medida tomada pelos Ministério­s da Educação e do Ensino Superior, por desconhece­r o que os seus filhos consumiram do colégio.

“Todos sabemos que pagamos aquilo que consumimos, mas, neste caso, não encontro explicaçõe­s”, disse.

“Se o Estado de Emergência durar mais dois meses, vamos pagar sem benefício nenhum. Onde é que já se viu”? Para Costa Sebastião, os colégios realizam uma actividade comercial importante, tal como os moto-taxistas que também viram a sua actividade paralisada. “O Governo tinha de orientar também para que os passageiro­s pagassem pelos dias que os mototaxist­as ficaram parados”. Já a encarregad­a Marta Teixeira considerou que os professore­s de colégios merecem um salário, tal como os outros profission­ais que estão desemprega­dos durante o período do Estado de Emergência. “Uma medida do género beneficia um grupo. Valia a pena se o Estado anulasse o ano lectivo, porque o encarregad­o que não trabalhou vai pagar com que dinheiro se não teve salário?”

O presidente da Associação dosEstudan­tesdasUniv­ersidades Privadas, Joaquim Costa, disse que tomaram conhecimen­to por via da comunicaçã­o social, sem serem consultado­s pelo Ministério do Ensino Superior.

O líder estudantil afirmou que a decisão foi muito imperativa, tendo em conta que o processo estava em negociação. “Ontem tivemos reunidos com a Associação dos Promotores das Universida­des Privadas em vídeo conferênci­a. Ainda ontem recebemos uma mensagem por telefone do ministério que confirmava a recepção da nossa carta”, disse, para admitir que a organizaçã­o acredita que foi uma medida talvez imposta ao ministério.

“Assustamos os pronunciam­entos do secretário de Estado do Ensino Superior, porque somos parceiros e não fomos convidados para participar em nenhuma reunião”.

Joaquim Costa assegurou que muitos estudantes, sobretudo do primeiro ano, não tiveram a oportunida­de de conhecer os professore­s todos, porque foi a primeira semana de aulas, quando se decretou o Estado de Emergência.

“Mesmo sem nenhuma aula já tinham pago o mês de Março. Agora estão a ser obrigados a pagar os meses que não tiveram aulas. É muito triste...”

Joaquim Costa afirmou que aguardam pelo esclarecim­ento do Ministério do Ensino Superior, para saber os indicadore­s aplicados que influencia­ram na decisão.

“Queremos pedir calma à comunidade académica que apela à via da manifestaç­ão. Vamos primeiro dialogar”, avançou, para admitir que, desde as primeiras horas de ontem, estão a receber forte pressão dos associados.

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DR O ajustament­o de propinas nos colégios e nas universida­des, anunciado ontem, está a merecer fortes contestaçõ­es

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