Valor das remessas para África desce 23,1 por cento este ano
Entre África do Sul e Angola, por exemplo, os custos com a remessa chegam a 20%, diz o Banco Mundial, notando que nos corredores mais baratos, entre o Senegal e o Mali, ficam-se pelos 3,6%
O valor das remessas dos emigrantes africanos para os seus países de origem deve cair 23,1% este ano, para 37 mil milhões de dólares, de acordo com o relatório do Banco Mundial, divulgado ontem.
“O declínio antecipado pode ser atribuído a uma combinação de factores alimentado pela propagação da Covid-19 nos principais destinos onde residem os emigrantes africanos na Europa, Estados Unidos, Médio Oriente e China”, que valem 25% de todas estas remessas, lê-se no relatório sobre Migrações e Desenvolvimento.
No ano passado, o valor enviado pelos emigrantes já tinha descido ligeiramente, 0,5%, para 48 mil milhões de dólares, mas este ano deverá descer para perto de 34 mil milhões de euros.
“Os emigrantes da África Subsaariana estão a perder o emprego devido ao fecho quase completo das actividades económicas, especialmente na construção, hospitalidade e outros sectores dos serviços, pelo que o valor das remessas deve cair nos próximos meses”, alerta o Banco Mundial.
No relatório, dá-se conta de que o envio de 200 dólares em dinheiro para a região custa, em média, 8,9% no primeiro trimestre deste ano, “uma modesta queda comparada com a média de 9,25% no ano anterior”, sendo que a África Austral é o corredor mais caro para a transferência de dinheiro.
Entre África do Sul e Angola, por exemplo, os custos chegam a 20%, diz o Banco Mundial, notando que nos corredores mais baratos, entre o Senegal e o Mali, os custos ficam-se pelos 3,6%.
"As remessas são uma das principais fontes de receita em moeda externa para a região e servem como importante canal de partilha de risco no mundo em desenvolvimento. Mas, com o choque da pandemia, que afecta quer o país recipiente, quer o emissor, a perda vai provavelmente levar a mais pobreza e exclusão”, alerta o Banco Mundial.
Em termos de percentagem das remessas face ao PIB, o Sudão do Sul recebe 34,4% da riqueza nacional, seguido do Lesoto, Gâmbia, Zimbabwé e Cabo Verde, país onde o envio de dinheiro dos emigrantes vale 11,7% do PIB, sendo que na Guiné-Bissau este valor equivale a 9,4%.
A nível absoluto, a Nigéria destaca-se com a recepção de quase 24 mil milhões de dólares no ano passado, muito à frente do segundo maior receptor, o Ghana, com 3,5 mil milhões de dólares.
“Para estes países, em que as remessas representam uma larga percentagem do PIB, espera-se um forte declínio para 2020, já que muitos trabalhadores viram os seus rendimentos afundar-se, especialmente em países que são membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico”, conclui o Banco Mundial.
A nível global, as remessas deverão cair 20% este ano, de 554 mil milhões de dólares para 445 mil milhões de dólares, “devido à crise económica induzida pela pandemia e ao isolamento, que é o maior declínio na história recente”, recuperando depois para 470 mil milhões de dólares em 2021.
“Os emigrantes da África Subsaariana estão a perder o emprego devido ao fecho quase completo das actividades económicas, especialmente na construção, hospitalidade e outros sectores dos serviços”