Quando a chuva cai no Distrito do Kima Kieza
A circulação, da rua da Luz (11 de Novembro) até às imediações do centro cultural Olímpia, passando pela Igreja Metodista Unida de Catumbela, do Super Ambuila até a zona da Sonefe, e na rua Maia Loureiro, é feita com grandes dificuldades. Há muitos charco
Estão todos moídos, cansados de tanto trabalhar, um grupo de jovens abandona os baldes no chão. Na manhã de sábado, 18, até ao final da tarde, gastaram toda a energia que tinham. Tentaram evacuar a água do beco, onde vivem, na 7ª Avenida do Cazenga, mas não conseguiram.
Lutaram das 11h00 às 17h00, mas toda força empreendida era pouca para acabar com a água do local. Sem mais forças para continuar, o irmão mais novo de Nelson foi buscar uma motobomba, e a situação ficou minimizada. Naquele beco vivem muitos “canguinhas”, que chegam a lançar pratos de comida (arroz branco sem mais nada encima) a quem lhes vai cobrar 200 Kwanzas de contribuição. “Não foi fácil conseguir o dinheiro para alugar o equipamento”, revela o jovem Libra.
Nogrupo,haviaumamenina que dava grande exemplo de força e coragem. Os rapazes desencorajavam-na. Ela permanecia firme. Levou a mão ao peito, quando ouviu o Nelson exigir à rapaziada que a mandasse de volta à casa, por ser menor de 13 anos.
“Eu tenho o quê? Vocês afinal não sabem nada”, exclama a rapariga, que ficou muito sentida com as palavras de Nelson. Alguns rapazes riram-se. E os “caçadores de saias” ganharam maior interesse pela menina. Observavam-na de cima a baixo. Agora os “ngombiris” desejam-na mais do que nunca.
No beco mais conhecido da 7ª Avenida do Cazenga, moradores e visitantes “mergulham” os pés na água. Ali vivem mais de 500 pessoas. Os primeiros moradores chegaram ao local na década de 1970. São maioritariamente angolanas provenientes de Malanje, Bengo, Uíge e Cuanza-Norte, que enfrentam dificuldades para apetrecharem as residências. A viela é muito estreita, mas todos os meses acolhe novos inquilinos. A maioria das residências construídas no local possui água potável e energia eléctrica. Quando a chuva cai no bairro 11 de Novembro, no Cazenga, muitas casas inundam. É um pequeno “bairro” dentro de um outro, onde acontece de tudo um pouco: farras, brigas, assaltos à mão armada e óbitos, em que as dificuldades para fazer passar o caixão geram momentos únicos. O Jornal de Angola constatou que, entre a vizinhança há um entendimento excepcional. Vivem todos como uma família.