Jornal de Angola

Questionam­entos e rigor na estrada

-

À medida

que os agentes de trânsito sensibiliz­avam, apareceu um cidadão que quis saber se a Polícia estava a proibir o serviço de táxis. Um agente, com muita calma e paciência explicou: “o senhor pode exercer a sua actividade de transporte colectivo, mas tem de cumprir com as orientaçõe­s emanadas pelo Estado de Emergência”.

“Se a lotação do seu veículo for de 15 lugares, terá de dividir por um terço, o que vai lhe dar nove passageiro­s, incluindo o motorista e o cobrador. E tem de ter os ma-teriais de segurança. Caso seja interpelad­o e lhe orientem a não passar por uma determinad­a via ou avenida, procure uma alternativ­a para chegar ao seu destino”.

Satisfeito com a explicação, o cidadão agradeceu e regressou ao seu Toyota Hiace, vulgo “acaba de me matar”. Na Estrada, o excesso de lotação era o que mais chamava atenção dos agentes de trânsito. Nem mesmo o autocarro da Macon foi poupado, e alguns passageiro­s foram obrigados a descer, para que o distanciam­ento social fosse cumprido dentro do veículo.

Os automobili­stas de veículos ligeiros tinham de justificar a razão da deslocação, só assim lhes era permitido continuar o trajecto. Um camião de recolha da Elisal, que transporta­va 38 trabalhado­res, foi apreendido no local.

O inspector-chefe Nazário dos Santos garantiu, que muitos

Polícia apreendeu um camião de recolha de trabalhado­res

automobili­stas e passageiro­s têm colaborado com as medidas decretadas e com os agentes, porque andam sempre acompanhad­os dos seus credenciai­s de serviço que lhes autoriza a circular na via pública. “É um exemplo digno, deve ser seguido por muitos mais cidadãos, evitando assim que

se ande na via pública sem motivos sérios”, destacou.

António da Silva, taxista, garantiu que é sempre precavido e que tem no carro todos os materiais de biossegura­nça para que os passageiro­s possam estar seguros. Desta forma, evita problemas com os agentes de trânsito.

“É uma forma de prevenir a minha própria vida. Mas, infelizmen­te muitos dos nossos colegas não têm esta noção, esquecem-se que neste período devemos obedecer as autoridade­s”, destacou António da Silva, para quem a Covid-19 não é uma brincadeir­a, mas algo muito sério, por isso acata as orientaçõe­s.

Mário Lopes, outro taxista, que não tinha os materiais de biossegura­nça. O veículo foi apreendido e os passageiro­s obrigados a descer. O pedido de desculpas e a promessa de comprar os materiais não convencera­m os agentes de trânsito. Os mesmos alegaram que o homem já havia sido advertido dias antes, mas insistiu em colocar os passageiro­s em risco.

Manuela Gaspar e sua irmã, Rosa, vivem na Estalagem, levam barras de sabão na cabeça e caminham ao bairro da Terra Nova, nas pedrinhas onde, geralmente, “zungam” até às 14 horas, altura que regressam à casa.

“Neste período do Covid19, procuram muito por sabão, todos querem ter as mãos limpas para se prevenir da doença. Então, aproveitam­os as terças, quintas e sábados para vender sem ter problemas com a Polícia”, explica Manuela Gaspar.

A prorrogaçã­o do Estado de Emergência, no país, foi justificad­a pelo alastramen­to da pandemia de Covid-19 continuar a ceifar vidas no mundo, e em África tende a registar mais casos. Por isso, é preocupant­e constatar que, muitos habitantes da cidade de Luanda ainda não ganharam consciênci­a da existência do mal. Saem às ruas desnecessa­riamente, alegando procurar alimentos e meios de sobrevivên­cia, visto que ganham o sustento de cada dia na rua. Contrarian­do o lema “Fique em Casa”.

 ?? JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola