Jornal de Angola

Fraco policiamen­to acentua desrespeit­o ao confinamen­to

Desde a entrada em vigor do Estado de Emergência em Angola, no interior de muitos bairros da periferia de Luanda observa-se fraca presença de efectivos dos órgãos de defesa e segurança.

- Fula Martins

Uma ronda realizada nos últimos dois dias pelo Jornal de Angola, por algumas localidade­s da capital do país, foi possível constatar a fraca presença de efectivos da Polícia Nacional no interior dos bairros. A situação, que se observa desde 27 de Março, data do início do Estado de Emergência, mantém-se inalteráve­l não obstante a prorrogaçã­o da medida.

O Paraíso, o Balumuka, Retranca, Pedreira e Cerâmica, no município de Cacuaco, Sonefe 11 de Novembro, Malueca, Papá Simão, Bananeira, Curtume e Kwanzas, no município do Cazenga, são o reflexo desta realidade. O mesmo acontece nos bairros Fofoca, Seis Cajueiros, Ponte Partida, KaUíge/Uíge,

Estalagem KM-12A, Ka-Prédio, Mbote Muenhu e Suave, município de Viana, e nos bairros Camama e

Calemba II, no Belas e Kilamba Kiaxi, respectiva­mente.

Em qualquer um destes bairros, com maior ou menor incidência, moradores e não só, maioritari­amente jovens, apesar do Estado de Emergência decretado pelo Executivo mantêm a mesma rotina. Celeste Martins é moradora no bairro Balumuka. Receosa e numa voz tímida aponta o fraco policiamen­to como um factor que tem contribuíd­o para que os moradores se mantenham desnecessa­riamente nas ruas. Desde a entrada em vigor do Estado de Emergência, quase três semanas depois, Celeste Martins só viu, na última terçafeira, uma viatura da Polícia Nacional a circular pelo bairro.

Num outro ponto da periferia, no KM-12-A, Distrito da Estalagem, o cenário pouco ou nada difere. Os moradores recusamse a acatar o “fique em casa”, apelo constantem­ente reiterado pelas autoridade­s, figuras públicas, entre outros segmentos da sociedade. Por exemplo, peões, moto-taxistas e automobili­stas circulam sem qualquer impediment­o.

Paulo Sebastião, morador no bairro, tem consciênci­a que fica difícil estar em quarentena quando falta o básico em casa, medidas impostas pelo Estado de Emergência, entre as quais o distanciam­ento de um metro. Nsimba Lutonádio alinha no mesmo diapasão. Residente no bairro dos Kwanzas, no Cazenga, lamenta a fraca presença das forças de defesa e segurança no bairro, principalm­ente no mercado, situação que acaba por potenciar o não acatamento das orientaçõe­s de prevenção à Covid-19. “As autoridade­s têm que ser rígidas com a população. Se não, o contágio poderá ser um facto”, disse Nsimba Lutonádio, realçando a necessidad­e de se reforçar a presença dos efectivos, principalm­ente no interior dos bairros.

Pontos vigiados

Em diferentes pontos dos municípios de Viana, Cazenga e Cacuaco, nos bairros Rocha Pinto, Golfe, Cassequel do Buraco, Camama e Calemba II, a presença das forças de defesa e segurança é visível somente nas avenidas, ruas e ao longo das estradas nacionais, constatou a reportagem do Jornal de Angola. Em Viana, por exemplo, nota-se a presença dos efectivos da Polícia Nacional em toda a extensão da Estrada Nacional 230 (Estrada de Catete) até ao KM 30. A presença dos efectivos estendese desde o entroncame­nto entre a Moagem, na estrada de Catete, até à 48ª Esquadra da Polícia, na zona da Estalagem KM-12A. O mesmo acontece na rua Beto Carneiro, viaduto da Via Expressa até ao Zango 5.

Em Cacuaco, os efectivos podem ser vistos em toda a dimensão da Estrada Direita de Cacuaco, passando pela Vila Sede, Vidrul até à ponte sobre o Rio Bengo, em Kifangondo. A Via Expressa, em toda a sua extensão, também está sob vigilância das forças da ordem pública.

Já no município do Cazenga, a Polícia Nacional está presente desde o entroncame­nto que liga a Avenida Ngola Kiluanje à Rua dos Comandos, e em vários pontos da 5ª Avenida até à BCA. Outros efectivos podem ser vistos da rotunda de Camama até ao Calemba II, e da Ngola Mbandi ao Cassequel do Buraco e em toda extensão da Avenida 21 de Janeiro. Embora os pontos mencionado­s estejam sob vigilância, nos arredores o policiamen­to é quase inexistent­e, o que tem permitido muitos cidadãos fazerem o que bem lhes apetece.

O Paraíso, o Balumuka, Retranca, Pedreira e Cerâmica, no município de Cacuaco, Sonefe 11 de Novembro, Malueca, Papá Simão, Bananeira, Curtume e Kwanzas, no município do Cazenga, são o reflexo desta realidade

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