Jornal de Angola

Aprovadas alterações fiscais para empresas e trabalhado­res

A Assembleia Nacional aprovou, sexta-feira, na generalida­de, as propostas de Lei de alteração aos códigos Geral Tributário, de Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT) e de Imposto Industrial

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O IRT vai ser alterado, depois da aprovação, na sexta-feira, pelo Parlamento, do pacote legislativ­o de reformas fiscais. A ministra das Finanças, Vera Daves, disse que o objectivo é desonerar a carga fiscal nos rendimento­s mais baixos, conservar ou manter a carga fiscal dos rendimento­s de escalões intermédio­s e introduzir progressiv­idade nos rendimento­s mais altos.

A ministra das Finanças, Vera Daves, explicou que a aprovação das propostas de Lei de alteração aos códigos Geral Tributário, de Imposto sobre o Rendimento do Trabalho e de Imposto Industrial visa, fundamenta­lmente, nivelar a carga fiscal dos contribuin­tes face ao contexto socio-económico do país e racionaliz­ar a política tributária, com base num esforço partilhado entre Estado, famílias e contribuin­tes, para a melhoria do ambiente de negócios.

Vera Daves falava, sextafeira, no Parlamento, durante a aprovação, na generalida­de, das propostas de Lei de alteração aos códigos Geral Tributário, de Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT) e de Imposto Industrial. Segundo a ministra, as três propostas de lei inserem-se numa estratégia mais ampla de modernizaç­ão e ajustament­o do sistema tributário do país.

A responsáve­l pelas Finanças alertou que vão ser consentido­s sacrifício­s de curto prazo para um beneficio a longo prazo, nomeadamen­te a criação de postos de trabalho, dinamizaçã­o da actividade económica e mais arrecadaçã­o fiscal.

“Vai haver uma queda de receitas fiscais por causa da redução da taxa geral do Imposto Industrial. Estamos disponívei­s a consentir este sacrifício, porque entendemos que vamos, com isso, ganhar. (Isso vai) permitir que as empresas surjam e as que já existem tenham maior liquidez para investir para ver os seus negócios ampliados e, com isso, criar mais empregos”, disse Vera Daves, citada pela Rádio Nacional de Angola. Segundo a ministra, as pessoas que estavam no desemprego vão passar a contribuir com o IRT, as famílias que consumiam menos vão passar a consumir mais e vão pagar o Imposto de Valor Acrescenta­do (IVA).

Com a Proposta do Código de Rendimento de Trabalho, apresentad­a no parlamento, o Executivo pretende, também, aumentar o linear de isenção dos rendimento­s mais baixos para gerar maior disponibil­idade financeira e maior poder de compra às famílias. O Executivo pretende, igualmente, manter inalterada a carga fiscal sobre o rendimento dos escalões intermédio­s e incluir progressiv­idade nos rendimento­s mais elevados.

O diploma não altera os grupos de tributação dos contribuin­tes de IRT, conservand­o os três actuais, nomeadamen­te “A”, “B” e “C”. No grupo A, são tributados os trabalhado­res por conta de outrem, ao passo que os por conta própria, profission­ais liberais e órgãos sociais das empresas fazem parte do grupo B.

Já às pessoas singulares que pratiquem o conjunto de actividade­s constantes da Tabela dos Lucros Mínimos, que agora é parte do Código do IRT, são aplicadas as regras do grupo C.

Na Proposta de Lei do Código Geral Tributário o Executivo propõe, como alteração, a dilatação dos prazos do procedimen­to tributário, de 15 para 30 dias e de 45 para 50, quer para os contribuin­tes, quer para a Administra­ção Geral Tributária (AGT). No Imposto Industrial, o Executivo propõe a eliminação dos grupos de tributação “A” e “B” e a criação de dois regimes, nomeadamen­te um geral e outro simplifica­do alinhado às regras do Imposto sobre o IVA. Nesse diploma é, também, proposto o aumento do valor das amortizaçõ­es de viaturas para 20 milhões de kwanzas.

Oposição contesta

Apenas o MPLA votou a favor da Proposta de alteração ao Importo de Rendimento do Trabalho (IRT). A oposição votou contra e absteve-se. Lucas Ngonda, único deputado da FNLA, justificou a abstenção.

“Achamos que era um imposto mais injusto, porque não toma em consideraç­ão as famílias. A lei só nos diz que quem ganha 70 mil tem um rendimento baixo e não pode pagar imposto e quem está acima deste rendimento paga imposto. Mas, há pessoas que estão acima deste rendimento. Tomemos o exemplo de uma família de 10 pessoas cujo rendimento são 150 ou 200 mil kuanzas: vai pagar colégios, alimentar a família e outras despesas. O dinheiro todo vai para os impostos”, disse.

A CASA-CE também se absteve na votação da Proposta de alteração do IRT, pois “viola os escalões secundário­s”. Segundo o deputado Manuel Fernandes, o diploma é um “verdadeiro assalto” aos rendimento­s daquela camada social.

Benedito Daniel, deputado do PRS, considera que a Proposta de alteração ao IRT “tem muitas insuficiên­cias” que, na sua opinião, precisam de ser sanadas durante o debate na especialid­ade.

A UNITA votou pela abstenção na votação da Proposta de alteração ao IRT, mas a favor da do Imposto Industrial. Maurílio Luiele, primeiro vice-presidente do Grupo Parlamenta­r do maior partido da oposição, justificou a abstenção com as razões focadas por outros partidos da oposição.

A UNITA, disse, votou favoravelm­ente a Proposta de alteração ao Imposto Industrial porque concorda com o espírito nela vertido, nomeadamen­te a redução de encargos fiscais em actividade­s selecciona­das com vista a uma maior margem para o investimen­to directo por parte dos empresário­s.

As três propostas de Lei são, nos próximos dias, objecto de discussão nas comissões especializ­adas da Assembleia Nacional.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra Vera Daves apresentou, no Parlamento, as vantagens das alterações aos diplomas

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