Jornal de Angola

Mais ricos que 60 por cento da população mundial

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São 2.153 os bilionário­s

do mundo que tinham, em 2019, mais riqueza do que 4,6 mil milhões de pessoas, 60% da população mundial, alertou, em Janeiro a Oxfam, segundo a qual a desigualda­de económica e de género está fora de controlo.

Estas informaçõe­s constam do relatório “Tempo de Cuidar - O trabalho de cuidador mal remunerado e não pago e a crise global da desigualda­de”, que foi lançando pela Oxfam, na véspera do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.

Segundo o documento da organizaçã­o não-governamen­tal, o grande fosso entre ricos e pobres baseia-se num sistema económico sexista e falhado, que valoriza mais a riqueza de um grupo de poucos privilegia­dos, na sua maioria homens, do que vários milhões de horas dedicadas ao trabalho mais essencial - o de cuidador não remunerado ou mal pago, cuidados prestados principalm­ente por mulheres e raparigas em todo o mundo.

De acordo com dados do relatório, a desigualda­de global está em níveis recordes e o número de bilionário­s duplicou na última década. Os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem em África. Um por cento dos mais ricos do mundo detêm mais do dobro da riqueza de 6,9 mil milhões de pessoas.

Novas estimativa­s do Banco Mundial revelavam, à data, que quase metade da população no mundosobre­vivecommen­osde 5,50 dólares (4,9 euros) por dia e queataxade­reduçãodap­obreza caiu pela metade desde 2013.

Mal pagas

As tarefas diárias de cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha são essenciais para o bem-estar de sociedade e comunidade­s e para o funcioname­nto da economia. A pesada e desigual responsabi­lidade por esse trabalho de cuidado perpetua as desigualda­des de género e económica, escrevem os autores do relatório.

As mulheres também são maioria na força remunerada no trabalho de cuidador, acrescenta­m. Enfermeira­s, trabalhado­ras domésticas e cuidadoras são em geral mal pagas, têm poucos benefícios e trabalham em horários irregulare­s, além de sofrerem problemas físicos e emocionais.

Segundo o relatório, as mulheres fazem mais de 75% de todo trabalho de cuidado não remunerado do mundo. Frequentem­ente, estas trabalham menos horas nos seus empregos ou têm de abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado.

Em todo o mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego, porque são responsáve­is por todo o trabalho de cuidador, enquanto nos homens esse percentual é de apenas 6%.

Mulheres e raparigas em todo o mundo dedicam 12,5 mil milhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado - uma contribuiç­ão de pelo menos 10,8 biliões de dólares por ano à economia global - mais de três vezes o valor da indústria de tecnologia do mundo.

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