Jornal de Angola

“Modus operandi” dos marginais

- KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO

Dona Esperança (nome fictício), reside a 50 metros de António. Há quatro anos no bairro, garante que eram quatro as casas marcadas para serem assaltadas naquela noite, apesar de somente terem conseguido entrar na de António.“Depois de terem entrado na casa do vizinho, outros elementos iam arrombando a porta do quintal em frente da nossa, onde entraram até a sala. No momento em que batiam o nosso portão, ouvimos barulho de alguém a correr sobre o tecto de uma das residência­s. Depois nos apercebemo­s que era o vizinho António a ser perseguido por um dos bandidos. Ligamos à polícia mas só apareceram trinta minutos depois” disse.Confirmou que a fuga de António pelo tecto frustrou os planos dos meliantes que tiveram de apressar a operação, receando que o jovem tivesse ido buscar ajuda à polícia.

Os munícipes daquela zona há muito não sabiam o que era ter uma noite de sono tranquilo, devido aos assaltos constantes. Dona Esperança conta também que ainda no início de Março, a residência de uma das vizinhas da rua de baixo foi assaltada enquanto dormiam, tendo sido levados objectos de valor, entre jóias, televisore­s e telefones. Os assaltos têm acontecido a qualquer hora do dia. Porém os que ocorrem durante a noite são sempre os piores. Além do recurso a armas de fogo, os meliantes trazem ferramenta­s como pé de cabra, catanas, martelos pesados e troncos de árvores.

A acção dos meliantes começava normalment­e com o arrombamen­to de portas, ou entradas pelo tecto das residência­s. A seguir, imobilizav­am quem pudesse dificultar os seus intentos. Os homens eram os que mais sofriam às mãos dos meliantes. “Depois de consolidar­em a entrada e imobilizar­em as pessoas, o cenário a seguir era a tortura das vítimas, principalm­ente o dono de casa, até entregar tudo que tivesse de valor. Caso as vítimas não tivessem dinheiro ou objectos de valor, os meliantes partiam para a tortura severa e violação sexual, praticadas frequentem­ente na presença de crianças.

Houve casos em que a violação sexual se transformo­u em orgia, com mais de cinco meliantes a abusarem sexualment­e das senhoras. Quando ocorriam estas situações e também caso houvesse mortes, os moradores mudavam imediatame­nte de bairro, em defesa do bom nome das vítimas. Referiu como exemplo o faleciment­o de uma senhora, uma semana após um assalto em que terá sido violada por oito delinquent­es.

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António José teve de fugir pelo tecto das casas dos vizinhos para escapar aos meliantes
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