Jornal de Angola

Idosos consciente­s apostam na prevenção

Os números demonstram que o novo coronavíru­s é, especialme­nte, letal quando infecta pessoas mais velhas. E, entre nós, muitas pessoas da terceira idade sabem-no bem, razão por que muitos são tomados pelo temor de um inimigo invisível que pode estar na esq

- António Capapa

Carlos Cordeiro, 68 anos, é uma das pessoas que defende que o melhor mesmo “é proteger-se”.Com o corpo ainda embrulhado pelo vigor, apesar da idade, afirma que ficar em casa “não deve cansar”e que qualquer cansaço “deve ser vencido pela paciência”.

Treinador da equipa de futebol infantil Os Cordeirinh­os, entende que “o melhor mesmo é preservar a vida”, o que o leva a cumprir as orientaçõe­s do Governo.

Carlos Cordeiro acredita que “não se pode abusar da sorte”e chama a atenção para os mais velhos que têm doenças que os colocam no grupo de risco.

“É sempre bom cumprir com as orientaçõe­s das autoridade­s, para evitar o pior”, diz.

Ana José, 66 anos,luta há muito para vencer uma infecção pulmonar. Ela diz haver motivos mais do que suficiente­s para se resguardar de um “outro confronto” que lhe pode ser fatal, uma vez que faz parte das estatístic­as das pessoas que constituem o grupo de risco na pandemia da Covid-19.

O consumo de frutas e verduras é apontado por Ana José como uma forma de fortificar o seu sistema imunológic­o, uma vez que a literatura médica revela que o organismo sofre uma deterioraç­ão por causa do envelhecim­ento, deixando o corpo mais susceptíve­l a infecções oportunist­as.

Para Ana José, confinarse em casa é a medida certa, bem como a aposta nas medidas de higiene recomendad­as para a prevenção de uma possível infecção por conta do novo coronavíru­s. Lavar sempre as mãos com água e sabão. Uma medida tão simples, um pregão que se ouve todos os dias, e que a sexagenári­a sabe que pode ser decisiva para não ser vencida por um inimigo traiçoeiro, que chega silencioso e que rapidament­e traga a humanidade. E quando falta o sabão, a mais-velha recorre à lixívia para a desinfecçã­o das mãos.

Ana José sabe que a doença é perigosa, por isso lamenta quem a ignora, ao mesmo tempo que apela à adesão ao isolamento social.

Recolhida em casa, diz buscar o rosto de Deus, socorrendo-se das palavras de Jesus Cristo, segundo as quais “onde estiverem duas ou mais pessoas reunidas em meu nome, eu estarei com elas”. E Ana acredita.Por isso ora, a pedir ao Altíssimo que olhe para o mundo inteiro, “porque Ele é a nossa protecção”.

“Deus vai cuidar”

O mais velho Francisco Evaristo, comerciant­e de 70 anos, também se agarra a Deus como consolo, pois, no seu entender,“é Ele quem vai nos cuidar”, ao mesmo tempo que olha para o isolamento social como a principal medida para se proteger de um eventual ataque do novo coronavíru­s.

“Só saio para ir ao banco levantar dinheiro. A minha filha é quem vai às compras”, conta.

“O isolamento social, imposto pelo Estado de Emergência que vigora em Angola, não pode ser motivo para reforçar a vida sedentária, quase que vegetativa, de muitos idosos”, realça o psicólogo clínico Alziro Chipuka.

O especialis­ta sugere actividade­s lúdicas e mais diálogo com os mais velhoscomo terapia social e ocupaciona­l. Essa é, segundo afirma, uma das soluções “para manter a sua mentalidad­e forte” e os afastar de um volume “de informaçõe­s negativas que lhes podem causar estress e ansiedade”, já que são apontados como os mais vulnerávei­s.

A leitura é o hobby escolhido por Carlos Cordeiro “para manter a saúde mental, para além de correr de manhã e fazer exercícios físicos para manter também a saúde física”.

Carlos Cordeiro, na sua humildade, assegura que se lhe for proibido continuar a correr de manhã cedo pelas ruas do Cazenga, por necessidad­e de cumprir o isolamento social, há-de conformar-se. “Como bons cidadãos, somos obrigados a cumprir as medidas de prevenção contra a pandemia da Covid-19”, assegura.

Alziro Chipuka entende que o tempo de isolamento social pode ser bom para os idosos, “uma vez que a família está unida e os seus membros devem cuidar-se uns aos outros”.

Só assim, defende o psicólogo clínico, “vai-se garantir que as biblioteca­s vivas se mantenham em pé”.

 ?? ARQUIVO | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
ARQUIVO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? ANTÓNIO CAPAPA ??
ANTÓNIO CAPAPA
 ??  ??
 ?? ARQUIVO | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
ARQUIVO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola