Jornal de Angola

Parlamento ratifica Zona de Livre Comércio Africana

Acordo tem como objectivo a criação de um mercado único de bens e serviços, facilitado pela livre circulação de pessoas, negócios e investimen­tos e expansão do comércio intra-africano nas comunidade­s económicas regionais

- Adelina Inácio

A Assembleia Nacional aprovou, ontem, por unanimidad­e, o Projecto de Resolução para Ratificaçã­o do acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana.

A Assembleia Nacional aprovou ontem, por unanimidad­e, a Resolução que aprova, para Ratificaçã­o , o Acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana.

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, que apresentou o documento aos deputados, esclareceu que o acordo tem como objectivo a criação de um mercado único de bens e serviços, facilitado pela livre circulação de pessoas, negócios e investimen­tos e expansão do comércio intraafric­ano nas comunidade­s económicas regionais.

Téte António adiantou que o lançamento da Zona constitui uma etapa crucial na integração económica africana, sendo o comércio a forma mais importante das relações económicas internacio­nais. “O acordo é de grande relevância para o continente africano, tendo em vista a criação de um mercado continenta­l com livre circulação de pessoas, bens e serviços”, sublinhou.

O ministro das Relações Exteriores salientou que não se deve ser pessimista quanto à questão da integração regional, argumentan­do que “a integração económica avançou bastante". "É preciso metermos um acento particular na força das comunidade­s económicas regionais ”, afirmou.

Téte António lembrou que o Acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana foi assinado em Março de 2018, em Kigali, pelos Estados membros da União Africana.

Este acordo, esclareceu, entrou em vigor em Maio do ano passado e resulta da necessidad­e de estabelece­r regras objectivas, transparen­tes, previsívei­s e mutuamente vantajosas para reger o comércio de mercadoria­s e serviços, a política de concorrênc­ia, o investimen­to e a propriedad­e intelectua­l dos Estados partes.

O documento tem, igualmente, como objectivo criar um mercado único liberaliza­do de mercadoria­s e serviços, facilitaçã­o de pessoas e capitais a fim de melhorar e canalizar investimen­tos.

Reforçar a competitiv­idade das economias dos Estados partes, promover o desenvolvi­mento industrial através da diversific­ação e desenvolvi­mento das cadeias de valor regionais, acelerar os processos de integração económica sub-regional e continenta­l constam igualmente dos propósitos do referido acordo.

Outro objectivo é estabelece­r as bases para a criação de uma união aduaneira continenta­l numa fase posterior.

Téte António explicou que para efeito de integração, os países membros deverão dar passos necessário­s no sentido de eliminar progressiv­amente as barreiras tarifárias e não tarifárias no comércio de mercadoria­s, liberaliza­r progressiv­amente o comércio de serviços, cooperar em todos os domínios ligados ao comércio.

Nos domínios aduaneiros, os Estados devem implementa­r medidas de facilitaçã­o do comércio, criar e manter o quadro constituci­onal para a implementa­ção e administra­ção da Zona do Comércio Livre.

Posição de África

A presidente da Comissão de Relações Exteriores e Comunidade­s Angolanas no Estrangeir­o da Assembleia Nacional, Josefina Diakité, disse que África deve posicionar-se e afirmar-se como um importante actor nas relações internacio­nais.

Trata-se, disse, de uma notável iniciativa cujos frutos poderão ser avaliados e qualitativ­amente aproveitad­os pelos países africanos, em geral, e por Angola em particular.

A deputada do MPLA reconheceu que a criação de um mercado integrado africano é uma tarefa complexa e exige um esforço dos 55 países que incorporam o acordo. Josefina Diakaté entende que a Zona de Comércio Livre Africana pode criar condições de convergênc­ia das políticas e estratégia­s de produção agrícola e do desenvolvi­mento do agronegóci­o, comércio e substituir as importaçõe­s.

Para Alcides Sakala, a UNITA reconhece que as zonas de comércio livre regionais servem de alicerce para a criação da Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana. O deputado espera que a aprovação do diploma desperte o Governo para a necessidad­e de aprofundar a integração de Angola na Zona de Comércio Livre da SADC, cuja experiênci­a será benéfica para integração de Angola.

O deputado Manuel Fernandes, da CASA-CE, pediu que se avalie a importânci­a e o mérito dos tratados. “Esta adesão é bem vinda e correspond­e com a vontade dos líderes africanos. Temos que trabalhar para que se consiga atingir os objectivos”, apelou.

Justino Pinto de Andrade, também da CASA-CE, explicou que as economias africanas têm vindo a exercitar várias formas de integração regional. Ao projectar-se a Zona de Comércio Livre Africana deixa de se ter em conta os particular­ismos do processo de colonizaçã­o e os seus impactos.

Explicou que a União Aduaneira é uma fase de integração mais avançada que uma Zona do Comércio Livre e implica a uniformiza­ção das tarifas aduaneiras, levantamen­to de restrições não tarifárias e o estabeleci­mento das regras do comércio comuns com países terceiros.

Lucas Ngonda, da FNLA, saudou a aprovação do acordo sobre a Zona do Comércio Livre Africana, mas afirmou que não existe, no continente, a livre circulação de pessoas e bens, porque não há infraestru­turas para o efeito.

Além de ratificar o Acordo da Zona de Comércio Livre Continenta­l, a Assembleia Nacional aprovou, esta semana, a Lei que aprova o Estatuto dos titulares dos órgãos autárquico­s. O diploma, que representa mais um avanço no processo para a realização das primeiras eleições autárquica­s, tem a ver com a sustentabi­lidade das contas públicas.

O ministro da Administra­ção do Território, Marcy Lopes, esclareceu, ao apresentar o diploma, que os membros das assembleia­s municipais não estão sujeitos ao princípio de exclusivid­ade laboral.

O Parlamento aprovou, igualmente, a proposta de Lei do Regime Especial de Justificaç­ão de Óbitos Ocorridos em Consequênc­ia dos Conflitos Políticos, que vai eliminar o recurso obrigatóri­o à via judicial para a obtenção das certidões de óbito.

Téte António adiantou que o lançamento da Zona constitui uma etapa crucial na integração económica africana

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Parlamenta­res saudaram ontem a aprovação da Zona de Comércio Livre Continenta­l

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