Deputados destacam importância do perdão
O deputado Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” considerou a proposta de Lei do Regime Especial de Justificação de Óbitos Ocorridos em Consequência dos Conflitos Políticos, aprovada segunda-feira, de "grande importância".
Ao intervir no debate que antecedeu à aprovação do diploma, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse" ressaltou que as causas dos conflitos são profundas, problemáticas e sensíveis, que devem ficar apenas nos anais da História.
O parlamentar do MPLA disse que o contexto vivido nos vários períodos do passado não permitiram para que uma proposta como esta existisse. "Hoje, felizmente, o contexto é bem diferente e a sua abordagem torna-se muito mais fácil com a paz conquistada a 4 de Abril de 2002”, disse.
Mário Pinto de Andrade, igualmente do MPLA, entende que é preciso perdoar o passado para se avançar com o presente. A ideia, disse, é que as futuras gerações conheçam o passado e nunca o país passe por um processo de conflito.
A proposta do Executivo, sublinhou, é importante e corajosa e visa promover a mais inclusiva e completa acção de reconciliação nacional entre todos os angolanos.
Para Alcides Sakala, da UNITA, a proposta inaugura o princípio de uma nova etapa que vai permitir a realização de uma abordagem mais profunda e inclusiva de todos os passivos que o país herdou dos conflitos. Os conflitos, disse, marcaram profundamente a consciência de todos os angolanos que viveram e testemunharam os horrores da guerra.
O deputado Lukamba Paulo “Gato”, também da UNITA, afirmou que todos reconhecem e encorajam o Presidente da República, pela vontade política e o sentimento patriótico de quebrar um “tabu” e criar uma comissão encarregue de lembrar e homenagear as vítimas dos conflitos ocorridos em Angola entre Novembro de 1975 e Abril de 2002. Estas iniciativas, segundo o deputado, vão contribuir para um clima de maior distinção social e política marcando o início de uma nova era, a do aprofundamento da reconciliação nacional e do perdão mútuo.
O deputado André Mendes de Carvalho afirmou que o Executivo está a inverter os papéis. “O ónus da prova está a recair sobre os parentes das vítimas que têm de provar que os seus ente-queridos pereceram, quando eles não têm essa informação”, disse. No seu entender, o processo do perdão passa pelo reconhecimento das faltas. “Não é só perdoar. Perdoar o que?” questionou o deputado da CASA-CE.
Lucas Ngonda, da FNLA, ressaltou o facto de muitas famílias desconhecerem o paradeiro dos ente-queridos falecidos dos conflitos armados.