Jornal de Angola

Medidas do Estado de Emergência satisfazem empresário­s e cidadãos singulares

- Marcelo Manuel / Ndalatando

A permissão da lotação de táxis e autocarros para até 50 por cento dos assentos disponívei­s está a ser encarada, pela população de Cazengo, como medida inteligent­e e perspicaz, que permite aos chefes de famílias a busca de soluções alargadas para a melhoria da economia das suas famílias, durante a terceira fase do Estado de Emergência, que vigora no país desde o dia 27 de Abril.

Ao contrário das duas fases anteriores, a terceira etapa do estado de emergência é mais leve, permite que os agentes económicos trabalhem na produção e venda de bens e serviços essenciais, a par de possibilit­ar que as famílias camponesas viagem para as zonas de cultivo, em busca de mantimento­s.

Numa ronda efectuada pelo Jornal de Angola em paragens de táxis, estabeleci­mentos comerciais e instituiçõ­es públicas, os cidadãos de Ndalatando são unânimes em afirmar que as novas medidas são como uma “lufada de ar fresco” para a vida dos habitantes locais, que realçaram a importânci­a do resguardo no cumpriment­o rigoroso das principais medidas de precaução contra a Covid-19.

Ana António, camponesa de 52 anos de idade, frisou que durante as fases anteriores do estado de emergência, ela e dois filhos eram obrigados a percorrer 15 quilómetro­s, a pé, saindo de Ndalatando até à localidade da Quirima do Meio, onde possuem a lavra familiar, em busca de mantimento­s, por causa da escassez de táxis.

A mulher recorda que a fase mais crítica era o período de volta à casa, no mesmo percurso, com cargas de mandioca à cabeça, situação que, em sua opinião, era desgastant­e e desconfort­ável para alguém da sua idade.

Alertou as entidades competente­s no sentido de supervisio­narem os parques de táxis, pelo facto de haver motoristas que aproveitam­se da situação actual para especular os preços por viagem. “Antes do estado de emergência pagávamos 100 kwanzas, na viagem de Ndalatando à Quirimia e viceversa, mas agora estamos a pagar 400 kwanzas”, disse.

Por sua vez José Gabriel, motorista de 25 anos, revelou que depende inteiramen­te da actividade de táxi para o sustento da família, composta pela esposa, três filhos e sua mãe. De acordo com o cidadão, por causa dos 30 dias de restrições impostas pelas fases anteriores contraiu dívidas, para a compra de comida e pagamento do sinal de televisão.

“Com a abertura dada pelo estado tenho de trabalhar duro para pagar os “kilápis” e fazer alguma poupança, para acautelar eventuais situações do género no futuro”, afirmou.

Durante a ronda efectuada foi, de igual modo, notória a satisfação da classe de empresário­s provenient­es da Mauritânia, que operam em Ndalatando, com a venda de mobílias, electrodom­ésticos, alimentaçã­o e cosméticos. Sheik Salif saudou a nova medida do Estado angolano, tendo avançado que a mesma pode garantir algum equilíbrio na balança económica do país.

Salif, que vende electrodom­ésticos no CuanzaNort­e há dois anos, frisou que, com a paralisaçã­o dos seus serviços, por causa do estado de emergência teve prejuízos avultados. Ficamos 30 dias sem trabalhar e sem ganhar qualquer dinheiro, mas tive de pagar o salário dos cinco funcionári­os que tenho, disse. Avançou que já traçou a sua agenda, onde consta o labor de dois funcionári­os por dia, inclui-se a si próprio, por formas a respeitar a exigência de 50 por cento de trabalhado­res no local de serviço.

Por sua vez o funcionári­o público Francisco Macedo disse estar satisfeito com o aumento do número de trabalhado­res nas instituiçõ­es públicas, tendo avançado que já estava farto de ficar em casa sem fazer nada.

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NILO MATEUS | EDIÇÕES NOVEMBRO

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