Medidas do Estado de Emergência satisfazem empresários e cidadãos singulares
A permissão da lotação de táxis e autocarros para até 50 por cento dos assentos disponíveis está a ser encarada, pela população de Cazengo, como medida inteligente e perspicaz, que permite aos chefes de famílias a busca de soluções alargadas para a melhoria da economia das suas famílias, durante a terceira fase do Estado de Emergência, que vigora no país desde o dia 27 de Abril.
Ao contrário das duas fases anteriores, a terceira etapa do estado de emergência é mais leve, permite que os agentes económicos trabalhem na produção e venda de bens e serviços essenciais, a par de possibilitar que as famílias camponesas viagem para as zonas de cultivo, em busca de mantimentos.
Numa ronda efectuada pelo Jornal de Angola em paragens de táxis, estabelecimentos comerciais e instituições públicas, os cidadãos de Ndalatando são unânimes em afirmar que as novas medidas são como uma “lufada de ar fresco” para a vida dos habitantes locais, que realçaram a importância do resguardo no cumprimento rigoroso das principais medidas de precaução contra a Covid-19.
Ana António, camponesa de 52 anos de idade, frisou que durante as fases anteriores do estado de emergência, ela e dois filhos eram obrigados a percorrer 15 quilómetros, a pé, saindo de Ndalatando até à localidade da Quirima do Meio, onde possuem a lavra familiar, em busca de mantimentos, por causa da escassez de táxis.
A mulher recorda que a fase mais crítica era o período de volta à casa, no mesmo percurso, com cargas de mandioca à cabeça, situação que, em sua opinião, era desgastante e desconfortável para alguém da sua idade.
Alertou as entidades competentes no sentido de supervisionarem os parques de táxis, pelo facto de haver motoristas que aproveitamse da situação actual para especular os preços por viagem. “Antes do estado de emergência pagávamos 100 kwanzas, na viagem de Ndalatando à Quirimia e viceversa, mas agora estamos a pagar 400 kwanzas”, disse.
Por sua vez José Gabriel, motorista de 25 anos, revelou que depende inteiramente da actividade de táxi para o sustento da família, composta pela esposa, três filhos e sua mãe. De acordo com o cidadão, por causa dos 30 dias de restrições impostas pelas fases anteriores contraiu dívidas, para a compra de comida e pagamento do sinal de televisão.
“Com a abertura dada pelo estado tenho de trabalhar duro para pagar os “kilápis” e fazer alguma poupança, para acautelar eventuais situações do género no futuro”, afirmou.
Durante a ronda efectuada foi, de igual modo, notória a satisfação da classe de empresários provenientes da Mauritânia, que operam em Ndalatando, com a venda de mobílias, electrodomésticos, alimentação e cosméticos. Sheik Salif saudou a nova medida do Estado angolano, tendo avançado que a mesma pode garantir algum equilíbrio na balança económica do país.
Salif, que vende electrodomésticos no CuanzaNorte há dois anos, frisou que, com a paralisação dos seus serviços, por causa do estado de emergência teve prejuízos avultados. Ficamos 30 dias sem trabalhar e sem ganhar qualquer dinheiro, mas tive de pagar o salário dos cinco funcionários que tenho, disse. Avançou que já traçou a sua agenda, onde consta o labor de dois funcionários por dia, inclui-se a si próprio, por formas a respeitar a exigência de 50 por cento de trabalhadores no local de serviço.
Por sua vez o funcionário público Francisco Macedo disse estar satisfeito com o aumento do número de trabalhadores nas instituições públicas, tendo avançado que já estava farto de ficar em casa sem fazer nada.