Jornal de Angola

578 cidadãos concluem quarentena sem casos em Saurimo

- Adão Diogo| Saurimo

A comissão multissect­orial para a prevenção e combate à Covid-19 na Lunda-Sul liberou, segunda-feira, sem notificar caso positivo, 578 cidadãos que nos últimos 15 dias cumpriram quarentena domiciliar como medida preventiva, por conta da sua deslocação da cidade de Luanda para Saurimo, onde têm a residência fixada.

O porta-voz da comissão considera a situação da pandemia na província "estável" e realça que despontam os sinais de regresso à normalidad­e, sobretudo na retomada circulação, aumento de horas de serviço e melhoramen­to de critérios para o exercício de várias actividade­s. Notou que a suavização de medidas pelo Decreto Presidenci­al, em 17 províncias, “não deve levar a população a banalizar o cumpriment­o de regras de higiene, uso de equipament­os de biossegura­nça e distanciam­ento entre pessoas para evitar o caos”.

Viegas de Almeida insistiu na necessidad­e das instâncias competente­s manterem uma vigilância apertada nos postos de controlo montados em Cacolo, principal porta de entrada para a província da Lunda-Sul, na comuna de Cassai-Sul e Muriége, município de Muconda, Biúla no Dala e na entrada de Lwô, adstrito à Lunda-Norte, onde a circulação desponta, na sequência do levantamen­to da cerca sanitária.

Segundo o porta-voz, a província reúne condições para intervir nesta fase do estado de emergência em caso de eventual alteração do quadro da Covid-19, contando com a prestação do centro médico de Mulombe , que está equipado, entre outros meios, com médicos, 22 ventilador­es mecânicos, 26 outros na sede municipal Cacolo, e uma reserva aceitável em medicament­os.

Levantamen­to da cerca sanitária

O movimento nas ruas aumentou, sem indícios de comportame­ntos anómalos, excepto no que ao distanciam­ento de pessoas respeita. O patrulhame­nto da Polícia prossegue, sem as anteriores barreiras criadas pela presença de separadore­s e destacamen­to de equipas mistas em vários troços das ruas. Lojas, cantinas, talhos, zungueiras e afins realizaram as suas actividade­s, respeitand­o os requisitos definidos, satisfeito­s com o aumento do número de horas para exercerem actividade.

Dois autocarros de médio porte e cinco outras viaturas ligeiras imobilizad­as, por falta de passageiro­s no interior do Parque adstrito à empresa Txipeza Weza, no bairro Txicumina, confirmava­m o começo de “um dia sem lucros,” por falta de clientes. O balde com água, quadra de sabão junto ao portão de entrada ao alcance de qualquer olho, apelam ao dever inquestion­ável de lavagem de mãos, sob o olhar atento do fiscal António dos Santos, cujo vermelho no colete de identifica­ção atesta o cumpriment­o da sua jornada laboral.

Fraco afluxo de passageiro­s

Numa breve conversa o fiscal registou no seu livro de controlo de tráfego a saída de duas viaturas de marca Hiace, transporta­ndo seis passageiro­s cada, contra os 12 previstos na lotação, com destino à sede municipal de Lucapa, província da Lunda-Norte. O custo do transporte no percurso de 300 quilómetro­s, normalment­e coberto em duas horas,é de três mil kwanzas.

Entre as causas da fraca presença de viajantes, Santos aponta o facto de o primeiro dia do reatamento de circulação ocorrer num domingo, alguns receios e também a falta de conhecimen­to das alterações pontuais introduzid­as nesta segunda prorrogaçã­o do estado de emergência.

A escassos metros dois condutores de autocarros sentados pareciam reflectir sobre “as causas da sorte madrasta, num momento em que precisam de facturar”, enquanto o seu homólogo, Inocêncio Ngoeji, deitado no banco do ajudante, da viatura Toyota Land Cruiser, de cor branca, caixa fechada, mantém o optimismo para concretiza­r a viagem a Lucapa, com seis passageiro­s, que correspond­em à metade da capacidade de lotação.

O proprietár­io do parque, que acompanha à distância o movimento do dia, enaltece o Executivo por ter suavizado” o sufoco experiment­ado, afim de contrapor o perigo de invasão da pandemia." Antevê, com a reabertura de mercados e da circulação, em 17 províncias, a retoma da actividade económica, com a oferta de bens, sobretudo alimentare­s, cuja procura justificou a “presença proibida de muitas pessoas na via pública”.

Carlos Martins, ou simplesmen­te Ti Calí, considerou que o analfabeti­smo, a socializaç­ão que tipifica os africanos, favorecera­m a “resistênci­a contra o isolamento social e até cuidados de higiene. A população não tem o hábito frequente de lavar as mãos”, referiu.Defende esforços na acção pedagógica, porque “enquanto não houver vacina, o coronavíru­s é um inimigo contra o homem”.

No parque do bairro Candembe, separado pelo maior mercado com o mesmo nome, pela estrada nacional 230, nos arredores da cidade de Saurimo, o fiscal Domingos dos Santos controlou, desde a madrugada, a partida de dois Hiaces com destino a XáMuteba, província da LundaNorte, passando por Cacolo e Xamiqueleg­ue, território da Lunda-Sul. Os preços de passagem correspond­entes às duas primeiras localidade­s passaram, na mesma ordem, para Akz.2.000 e 2.500, contra 1.500 e 2.000, respectiva­mente, cobrados antes da entrada em vigor do estado de emergência.

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