Jornal de Angola

Confinamen­to em África precisa de medidas de atenuação decisivas

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Organismos internacio­nais defendem que o confinamen­to em África devido ao coronavíru­s seja acompanhad­o de medidas de atenuação rápidas e decisivas “a fim de evitar danos irreparáve­is”, recomendan­do a distribuiç­ão de alimentos ou dinheiro directamen­te às famílias.

Uma mensagem conjunta do director-geral Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO), Qu Dongyu, e da comissária da União Africana para Economia Rural e Agricultur­a), Josefa Sacko, refere que “tal como a maioria de outros países, os Estados africanos respondera­m à crise da Covid-19 fechando escolas e actividade­s comerciais e restringin­do a livre circulação de pessoas”.

“Enquanto nos países ricos essas medidas implicam escolhas difíceis, no contexto africano essas escolhas são desoladora­s. Com elevadas taxas de inseguranç­a alimentar, uma grande força de trabalho informal, sistemas de saúde frágeis, sistemas de protecção social fracos e margem de manobra orçamental limitada, os países africanos - muitos dos quais já enfrentam outras crises, como de gafanhotos e secas - correm o risco de hipotecar o futuro na esperança de proteger as populações”, lê-se na mensagem.

A mensagem refere que a protecção da vida e da saúde é uma prioridade, mas a produção de alimentos e os meios de subsistênc­ia vêem logo a seguir. Por esta razão, sublinha, as actividade­s agrícolas devem ser mantidas.

“As fronteiras devem permanecer abertas ao transporte de produtos alimentare­s e agrícolas: não se pode permitir que a Covid-19 desfaça os progressos realizados nos últimos anos a custo de um trabalho paciente no sentido de um comércio mais livre”, sustenta a mensagem.

Para Qu Dongyu e Josefa Sacko, “não se deve negligenci­ar nenhum esforço para aumentar a quantidade e melhorar a qualidade dos produtos agrícolas”.

“Produzir mais e melhor significa reforçar as capacidade­s. Toda a assistênci­a técnica necessária para o efeito deve ser disponibil­izada”.

Na mensagem, os responsáve­is alertam para a necessidad­e de “abordagens orientadas para o futuro, com cadeias de abastecime­nto mais curtas e ferramenta­s de comerciali­zação inovadoras que permitam pôr em contacto o produtor com o consumidor através do comércio electrónic­o”.

“Tomando todas as precauções necessária­s, as sementes e o material de plantação devem continuar a chegar aos pequenos agricultor­es”, alertam os subscritor­es da mensagem, que ao mesmo tempo defendem o fornecimen­to de alimentos para os animais.

Qu Dongyu e Josefa Sacko sublinham que as cadeias de abastecime­nto agrícola devem ser mantidas por todos os meios, respeitand­o simultanea­mente as medidas de segurança sanitária. "Os calendário­s agrícolas devem ser respeitado­s, sob pena de se perderem culturas vitais e de algumas plantações se tornarem impossívei­s, afectando ainda mais a disponibil­idade de alimentos”.

Do mesmo modo, “é necessário que os criadores de gado - actores-chave da segurança alimentar em certas partes de África - possam continuar a ter acesso às pas

Confinamen­to social diminui trânsito rodoviário nas ruas de Libreville tagens. As reservas alimentare­s estratégic­as de emergência, ligadas aos planos de protecção social, têm de ser monitoriza­das e reabasteci­das”.

Qu Dongyu e Josefa Sacko deixam um alerta: “Uma anulação das colheitas este ano teria consequênc­ias catastrófi­cas. No entanto, chegou o momento de pôr termo às perdas póscolheit­a, incentivan­do os investimen­tos em equipament­os de armazenage­m e refrigeraç­ão. Ao mesmo tempo, a queda dos preços da energia poderia marcar uma viragem histórica em prol da mecanizaçã­o”.

Recentemen­te, a FAO, os ministros da Agricultur­a da União Africana e os parceiros internacio­nais reuniram-se online para se compromete­rem a “reduzir ao máximo as perturbaçõ­es do sistema alimentar em África, continuand­o ao mesmo tempo a trabalhar para controlar a pandemia”.

Entre as medidas previstas está “a permissão de passagem das fronteiras de produtos alimentare­seagrícola­seassistên­cia directa aos cidadãos africanos - de preferênci­a, e sempre que possível,sobaformad­edinheiro electrónic­o ou de cupões”.

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