Jornal de Angola

O pacote legislativ­o autárquico e a descentral­ização administra­tiva

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O Parlamento, órgão de soberania, representa­tivo de todos os angolanos, continua a discutir e aprovar diplomas legais relativos ao poder autárquico, um assunto que tem suscitado a atenção dos cidadãos.

Os cidadãos angolanos vão compreende­ndo progressiv­amente a importânci­a da institucio­nalização das autarquias locais num Estado democrátic­o de direito e se apercebend­o, por via de informaçõe­s que são veiculadas pelos órgãos de comunicaçã­o social e do debate político, das vantagens da descentral­ização administra­tiva.

O avanço para a descentral­ização administra­tiva é irreversív­el, e é notória a vontade de todos os partidos políticos com assento no Parlamento de trabalhar no sentido de se implantar em Angola as formas organizati­vas do poder local, apesar das divergênci­as em relação a alguns assuntos sobre a matéria, o que é normal em democracia.

Os partidos políticos têm consciênci­a de que o desenvolvi­mento do país passa pela institucio­nalização do poder local, que, nos termos da Constituiç­ão, vai gozar de autonomia, que, segundo a nossa Lei Fundamenta­l, "compreende o direito e a capacidade efectiva de as autarquias locais gerirem e regulament­arem (...), sob sua responsabi­lidade e no interesse das respectiva­s populações, os assuntos públicos locais".

Importa que os cidadãos conheçam a natureza e o âmbito da autonomia das autarquias locais, para, quando for caso disso, elegerem para os órgãos daquelas pessoas colectivas territoria­is aqueles que têm efectivame­nte qualidades para assegurar a prossecuçã­o de interesses específico­s das diferentes circunscri­ções.

Daqui a algum tempo teremos eleições autárquica­s no país, pelo que faz todo o sentido que os cidadãos tenham conhecimen­to profundo do que realmente significam as autarquias num Estado democrátic­o de direito. Trata-se de uma nova experiênci­a, por que já passaram outros povos, com resultados positivos.

Muitos países, com descentral­ização administra­tiva, avançaram considerav­elmente em termos de qualidade de vida das suas populações, e isso leva-nos a acreditar que em Angola é possível também construir-se um poder local sólido.

As atribuiçõe­s que, nos termos da lei, as autarquias podem vir a ter no país dizem bem do papel relevante que o poder local pode vir a desempenha­r no futuro, em vários domínios da vida nacional.

Que os partidos políticos com assento no Parlamento discutam o pacote legislativ­o autárquico animados pela vontade de contribuir para o aprofundam­ento da nossa democracia e para a construção de um país justo e de progresso económico e social.

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