Campanha arranca em contexto de Covid-19
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 20 de Maio, no Burundi, arrancou, oficialmente na segunda-feira, num contexto de pandemia da Covid-19 e de manobras de intimidação persistentes de políticos armados, declarou Amnistia Internacional.
“O clima político é extremamente tenso, no Burundi, e as instituições privadas que tomaram medidas para lutar contra a Covid-19 foram ameaçadas de sanções.
“Tendo em conta a importância dos desafios actuais, o respeito dos direitos humanos dos burundeses deveria estar no centro das decisões tomadas neste período eleitoral”, declarou Deprose Muchena, director-regional para a África Oriental e Austral da Amnistia Internacional.
Os Imbonerakure, membros da liga juvenil do partido no poder, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia - Forças para a Defesa da Democracia (CNDD-FDD), são acusados de ter criado a tensão pré-eleitoral.
Os refugiados disseram invariavelmente à Amnistia Internacional terem sido perseguidos pelos Imbonerakure devido à suposta oposição ao poder no local. “Eles eram vigiados de muito perto e ameaçados quando não participavam nos comícios organizados pelo partido no poder”, disse Muchena. Membros do principal partido da oposição, o Congresso Nacional para a Liberdade (CNL), foram igualmente várias vezes ameaçados, atacados, detidos e mesmo mortos devido à sua filiação política.
No ano passado, organizações e órgãos de imprensa que teriam fornecido ,igualmente informações independentes, foram silenciados.
O Gabinete das Nações Unidas para a Protecção dos Direitos Humanos foi encerrado, em Fevereiro de 2019. As rádios BBC e VOA (Voz da América) receberam a interdição de divulgar os programas e a maioria da imprensa e organizações de defesa dos direitos humanos independentes locais foram igualmente encerrados, e muitos dos seus trabalhadores deixaram o país.
Os corajosos defensores dos direitos humanos e jornalistas que continuam a trabalhar, no país, e que são poucos, são objecto de perseguição e intimidação incessantes, nomeadamente ameaças de morte e perseguições judiciais baseadas em falsas acusações, declarou Amnistia Internacional.