Governo em Tripoli condena “golpe” do general Haftar
O Governo de Acordo Nacional (GAN) em Tripoli condenou, ontem, mais um golpe de Estado do rival, o marechal Khalifa Haftar, que assegurou, na véspera, ter o mandato do povo para governar a Líbia.
Num breve discurso, na segunda-feira à noite, Haftar, homem forte do Leste da Líbia, anunciou que o comando geral do seu autoproclamado Exército tinha aceitado a vontade do povo e o seu mandato, sem precisar qual a instituição que tinha atribuído o referido mandato do povo. Também não indicou as implicações políticas de tal mandato, nomeadamente o papel que desempenharia o Parlamento no Leste do país e o Governo paralelo nomeado por esta Assembleia eleita em 2014.
O Governo, reconhecido pela ONU, denunciou uma farsa e um novo golpe de Estado, que se junta a uma série de outros que começaram há anos. Considerou que Haftar até voltou-se contra os órgãos políticos paralelos que o apoiavam e que o designaram comandante do Exército.
Segundo o GAN, o marechal Haftar, que tenta desde Abril de 2019 ocupar a capital Tripoli, pretendia dissimular a derrota das suas milícias e mercenários e o fracasso do seu projecto ditatorial. “Os Estados Unidos, por seu turno, viram no anúncio do general Haftar uma sugestão segundo a qual as mudanças na estrutura política da Líbia podem ser impostas por uma declaração unilateral”, indicou o embaixador norte- americano na rede social Twitter. Acusadopeloscríticosdequerer instaurar uma nova ditadura militar na Líbia, o marechal Haftar também anunciou o fim do acordo de Skhirat, assinado no final de 2015 em Marrocos sob a égide da ONU, do qual resultou o GAN.
A ofensiva militar das forças de Haftar contra Tripoli causou centenas de mortos e mais de 200 mil deslocados internos e externos. A Líbia mergulhou no caos após a queda de Muammar Kadhafi, em 2011.