Associações exigem contas dos dinheiros da FIFA
Jogadores da Selecção de Sub-17 reclamam o pagamento de prémios da presença de Angola no Mundial disputado no Brasil
A apresentação dos relatórios detalhados da forma como são usadas as verbas provenientes da FIFA e da Confederação Africana (CAF) é a exigência reiterada pelas associações provinciais de Benguela e do Huambo, ao elenco directivo da FAF encabeçado por Artur Almeida e Silva.
De saída da gestão do futebol benguelense, para abraçar um desafio de dimensão nacional, António Costa lembrou que em Fevereiro, depois da última Assembleia Geral da Federação, pediu de forma pública tal clarificação.
“As APF solicitaram em 2919 os relatórios e contas da nossa participação no CAN do Egipto e no Mundial de Sub-17 no Brasil. A FAF sempre se furtou a entregar. Na última Assembleia ficou deliberado, em acta, que a Federação faria a entrega dos relatórios a 25 de Fevereiro, em separado das contas anuais, o que voltou a não acontecer”.
O líder associativo recuou no tempo e recuperou números. “Com o apuramento para o CAN do Egipto, Angola recebeu 500 mil dólares. Fizemos apenas três jogos, sem gastar nada com amistosos. O Ministério da Juventude e Desportos entregou à FAF mais de mil milhões de kwanzas, o equivalente na altura a três milhões de dólares, para a participação das selecções de Honras e de Sub-17. É incompreensível que os Palanquinhas estejam a reclamar pagamentos, quando sobrou dinheiro do CAN, onde a nossa participação foi um desastre”.
Com os olhos no futuro próximo da modalidade,
António Costa chamou à abordagem um tema que dominou os últimos dias:
“Não me admira que a alteração do estatuto proposta às APF só agora seja levantada, porque foram feitas várias promessas aos clubes, nas últimas eleições, que não foram cumpridas. Talvez pensassem que eliminando os clubes seria mais fácil “dobrar” as APF, com alguns recursos financeiros disponíveis. Acredito que isso não iria acontecer. Há uma grande vontade das APF na mudança do rumo do nosso futebol”.
Reforço do Huambo
Do Huambo, António Rosário de Lemos trouxe o reforço da reclamação dos associados, ao sublinhar que a FAF sempre justificou que não recebia verbas da FIFA, “por falta de uma auditoria, que segundo eles foi feita e os dinheiros começariam a cair”.
O antigo jogador do Petro de Luanda e dos Palancas Negras reiterou que na última Assembleia, as APF exigiram justificação das verbas. “Nos pediram uma moratória. Até agora, para a nossa insatisfação, nenhuma APF recebeu um relatório. Estamos alinhados com a Associação dos Jogadores. Não faz sentido penalizar os jovens, que fizeram uma grande publicidade de Angola e do futebol angolano, quando o dinheiro veio dos cofres da FIFA. Exigimos o pagamento urgente”.
Ministra inocente
Contactado a propósito, José Luís Prata, candidato derrotado nas eleições passadas, disse que abordou cinco associações. Todas negaram a apresentação de contas, por parte da Federação. “A ministra da Juventude e Desportos também nunca recebeu qualquer documento ou informação sobre o assunto”.
Historicamente ligado aos feitos do futebol nacional, Comandante Prata fez questão de destacar que sempre que uma selecção se qualifica para a fase final de um CAN, CHAN, Mundial, Cosafa ou passe da fase de grupos, tem direito a receber os valores que são atribuídos. “Um bom exemplo foi a situação de Aveiro. Os atletas da Guiné Bissau já tinham recebido os seus prémios e a FAF dizia que não tinha recebido nada. Para se perceber melhor, os Sub-17, por se qualificarem para a fase final do CAN da Tanzânia, receberam dinheiro da CAF. O segundo lugar deu dinheiro, como a participação no Mundial no Brasil. Se não me engano, a FIFA deu 285 mil dólares. A FAF ainda recebe dinheiro do Minjud para participar nesses eventos”.
O comentador de futebol fez uma análise dos preparativos do regresso às urnas. “Não vamos tapar o sol com a peneira. Nas campanhas eleitorais do futebol corre muito dinheiro. É um facto indesmentível. De onde vem, não posso afirmar. Mas fique claro que para se ganhar eleições vale tudo. Para bom entendedor, meia palavra basta. Promessas desonestas, programas impensáveis. O actual presidente prometeu uma indústria de fazer dinheiro. Pagaria todas as dívidas da FAF e daria dinheiro aos clubes. Durante o mandato, a justificação foi de que não tinha dinheiro. Tenho gravadas todas as promessas”.