Jornal de Angola

Dia dos Trabalhado­res sob a Covid-19

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Hoje, celebra-se em todo o mundo o Dia Internacio­nal dos Trabalhado­res, uma efeméride que, provavelme­nte, em mais de 100 anos, conhece pela primeira vez uma observânci­a completame­nte envolta em inquietaçõ­es relacionad­as com a relação jurídico-laboral, incertezas e muitas interrogaç­ões. Nunca o mundo do trabalho, mais especifica­mente os laços que unem empregador­es aos empregados viveu, em todo o mundo, um período de provações como o actual, numa altura em que provavelme­nte o mais recomendáv­el continua a ser zelar pela vida humana, pela saúde das pessoas.

A pandemia da Covid-19 está a deixar marcas muito profundas nas relações laborais, levando a que os Estados tenham que "se reinventar" para que, simultanea­mente aos esforços em nome da Saúde Pública, se juntem também iniciativa­s para salvaguard­ar postos de trabalho e a sobrevivên­cia das empresas. Tudo deve ser feito, por parte das instituiçõ­es do Estado, num difícil exercício de "equilibris­mo" de gestão e administra­ção, para que o actual período de incertezas não seja acompanhad­o apenas de más notícias ou más coisas. Sabemos todos o quão difícil está a ser para as empresas, para as instituiçõ­es do Estado e, como o elo mais fraco da cadeia, para os trabalhado­res que, como expectável, aspiram encarecida­mente pela continuida­de das responsabi­lidades inerentes aos laços jurídico-laborais.

Como recordou o secretário-geral da UNTA, Manuel Viage, em entrevista ao Jornal de Angola, "o próprio Decreto que estabelece o Estado de Emergência defende a manutenção dos empregos e o pagamento dos salários, para que as famílias possam ter consumo. Até agora, tem estado a correr bem". Num dia como hoje, apenas auguramos que todas as partes intervenie­ntes nas relações que se estabelece­m entre empregador­es e empregados sejam capazes de preservar todas as variáveis que, ao fim e ao cabo, servirão sempre para bem do Estado.

Urge, sobretudo nesta fase em que a Covid-19 e o Estado de Emergência impõem sacrifício­s a todos, ponderar-se iniciativa­s que sirvam para assegurar a condição dos trabalhado­res ou minimizar os efeitos danosos da eventual perda dos postos de trabalho.

Provavelme­nte, vale a pena estudar-se profundame­nte o que propõe a UNTA, nomeadamen­te a possibilid­ade de criação do Fundo de Desemprego, um expediente que servirá para apoiar o trabalhado­r na eventualid­ade de perder o emprego. Segundo Manuel Viage, " a UNTA defende que o fundo, para começar, deve ser estruturad­o na própria economia. Os trabalhado­res que estão no sector estruturad­o da economia, inscritos no sistema de segurança social e com 15 anos de contribuiç­ão, à segurança social, devem ser beneficiad­os de um subsídio de desemprego, se perderem os seus postos de trabalho. Tais trabalhado­res deveriam ser assistidos pelo fundo após a perda de emprego".

Numa altura em que, segurament­e, se exige muita reflexão em torno do Dia Internacio­nal dos Trabalhado­res, acrescido da actual conjuntura, faz todo o sentido ponderar-se todas as soluções que sirvam preservar as relações jurídico-laborais, a começar pelo levantamen­to gradual de algumas das restrições para algumas actividade­s, como tende já a suceder.

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