Fundo suberano em momentos de crise
Não há sombra de dúvidas que os fundos soberanos podem revolucionar as finanças de um Estado, mas para tal,estas instituiçõesfinanceiras precisam de ter um papel verdadeiramente ativo na economia dos seus países de origem, e apresentarconsistentemente rentabilidades e yields de elevado nível. A estratégia de sucesso dos fundos soberanos em altura de crise, passa por rapidamente entregar cash aos seus Estados, e com os recursos financeiros remanescentes, ser agressivos para comprar empresas que anteriormente a crise estavam fora do seu alcance. Para entender melhor a sua potencial importância, é pertinente regressar a década de cinquenta, altura em que, fruto das consequências económicas negativas da Segunda Guerra Mundial, surgiu no medio oriente o primeiro fundo soberano, mais precisamente no Kuwait. Nesta altura surgiram espalhadas pelo mundo múltiplas estruturas publicas de cariz financeiro, cuja missão, era a utilização de dinheiros extraordinários dos seus Estados em vários propósitos de poupança ou investimento. Recuando na história, á partir da década de setenta até a presente data, a humanidade viveu numerosos eventos de impacto económico mundial, com características similares ao momento que hoje se vive com o Covid19. Conflitos ou momentos de tensão como foi o caso da revolução Iraniana, ou as guerras do golfo, provocaram sempre alterações bruscas no equilíbrio da economia mundial. Cada um dos múltiplos eventos conturbados das últimas 5 décadas, teve motivos e razões muito particulares, tendo, contudo, todos eles resultado em crises económicas de dimensão global. Sem poupar continentes nem discriminar países, tais crises tiveram como consequências, rápidas alterações ao normal funcionamento das economias domésticas, originando a drástica redução de orçamentos públicos, a falência de empresas privadas, e o resultante pesadelo do desemprego. Ou seja, hecatombes económicas de dimensão global. Foi justamente para atenuar e gerir ativamente o impacto de possíveis grandes crises económicas, que surgiram os fundos soberanos. Tal como a palavra “Soberano” indica, a atuação dos fundos soberanos está diretamente ligada a estratégia funcional dos seus governos, e sobre tudo a um plano de desenvolvimento ou preservação de uma Soberania Económica. As grandes crises económicas ocorrem de forma intermitente e imprevisível no tempo, por isso em tempo de crescimento económico, os fundos soberanos recebem dos seus Estados, e durante vários anos, dinheiro proveniente do excedente das suas balanças de exportações. Tal excedente provém particularmente de duas fontes, a exportação de produtos e serviços, como é o caso de países como Singapura ou China, ou a exportação de recursos naturais como é o caso da Arabia Saudita, Noruega e Angola. Durante os períodos de crescimento económico, os fundos soberanos usam o cash dos seus Estados, na implementação de uma estratégia de investimento em vários produtos financeiros. Contudo, devido ao facto de os Estados poderem necessitar de cash a qualquer momento, os fundos soberanos priorizam os seus investimentos em produtos financeiros que rapidamente podem ser vendidos e gerar cash (ex. Ações em bolsa, Títulos de Dívida Pública e Dívida Corporativa, ETF´s etc…). Desde o início da crise do Covid19, alguns fundos soberanos libertaram cash a favor dos seus Estados, o que corresponde de facto a implementação da finalidade dos fundos soberanos de estabilizar as economias locais. Foi o caso dos fundos soberanos da Noruega, Angola, Nigéria e Irão. A descapitalização dos fundos soberanos é sempre um momento de particular apreensão, mas importa realçar que é para esse efeito que os fundos soberanos são concebidos. Não se trata de cofres criados para ficarem eternamente fechados, mas sim de instrumentos de investimento e apoio as suas economias. É importante por fim realçar que após desembolsarem cash a favor dos seus Estados, e em momentos de crise, os fundos soberanos têm oportunidades únicas para investir o remanescente dos seus recursos e fazer crescer rapidamente os seus ativos, recuperando assim o dinheiro desembolsado a favor dos seus Estados.