Pandemia antecipa fim do campeonato de futebol
Tricolores e militares, representam o país na Liga dos Clubes Campeões Africanos na temporada de 2021
O Girabola Zap 2019/2020 está anulado. A decisão saiu do encontro entre os clubes e a direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF), realizado na manhã de ontem, na sede social do órgão reitor do desporto-rei, localizado na urbanização Nova Vida, em Luanda.
Quando se pensava que a decisão do regresso do campeonato seria entregue pelos clubes e a FAF aos especialistas do Ministério da Saúde, a quem competiria depois analisar e concluir se existiriam condições de segurança para proteger os intervenientes de uma possível propagação da Covid-19, eis que se decidiu pela colocação de um ponto final à competição, bem como a Taça de Angola.
Foram quase duas horas de reunião, em que estiveram presentes no anfiteatro da FAF os representantes do 1º de Agosto, Petro de Luanda, Interclube, FC Bravos do Maquis, Sagrada Esperança, Recreativo da Caála, Progresso Sambizanga e Recreativo do Libolo, enquanto por videoconferência participaram a partir das respectivas províncias os clubes Desportivo da Huíla, Académica do Lobito, Ferrovia do Huambo, Sporting de Cabinda, Wiliete de Benguela, Cuando Cubango FC e Santa Rita de Cássia. Do lado da federação, ouviram os argumentos dos clubes, o presidente Artur Almeida e Silva, Adão Costa (vice-presidente) e Jeremias Simão (vice-presidente do Conselho Técnico e coordenador da Comissão de Gestão).
Coube ao líder tricolor, Tomás Faria, indicado portavoz dos 15 clubes representados no principal campeonato de futebol do país, dar a conhecer aos jornalistas a decisão tomada pelo colectivo, justificando ter sido uma opção que visa privilegiar, em absoluto, a protecção das pessoas da propagação da Covid-19.
"Reunimos ontem (na quarta-feira), às 21 horas, para analisar o futuro das competições e as propostas remetidas à FAF, nesta reunião, em que estiveram ausentes o Progresso, Caála e o Desportivo, relativamente ao Girabola, é para a sua anulação. Decidimos que não haverá continuidade do campeonato nacional", apressou-se a esclarecer o presidente do Petro, numa comunicação feita em videoconferência.
Dada a necessidade da federação indicar à Confederação de Futebol (CAF) os representantes para as competições africanas de 2021, Tomás Faria garantiu ter sido acautelada tal situação, tendo sublinhado que "o Petro e 1º de Agosto são as equipas indicadas para a Liga dos Campeões", enquanto do trio composto pelo Sagrada Esperança, Interclube e FC Bravos do Maquis, a federação deverá notificar as duas em condições de representar o país na Taça da Confederação.
"Estas foram as duas decisões que tomamos, relativamente ao Girabola. Sou parte dos 13 clubes que estiveram na reunião e o Petro, ao fazer parte dos 13, também é desta decisão", acrescentou o portavoz dos "girabolistas", para em seguida enumerar as razões que levaram à decisão de anular o campeonato.
"A primeira razão é a pandemia. Os clubes têm a noção de que a Covid-19 poderá levar pelo menos três meses e, por maioria das razões, a saúde está em primeiro lugar. Em segundo lugar, contribuiu para esta decisão, o fim de contrato dos atletas. Os clubes fazem contratos com os jogadores por um período de apenas uma época. Portanto, depois do fim de Maio os contratos estarão todos caducados e não vemos condições de os renovar, sem que haja uma luz no fundo do túnel sobre o possível fim desta pandemia. Estas foram, essencialmente, as duas principais razões", disse.