Ausência de inspectores
O coronavírus, que, para segurança de todos, alterou o dia-a-dia angolano, embora, em Luanda, por razões óbvias, mais acentuadamente, realçou também a fragilidade da inspecção económica.
O hábito, enraizado entre nós, de encher os bolsos a qualquer custo, de preferência sem nenhum, aguçase sempre em situações como a que estamos obrigados a viver e penaliza duplamente o consumidor comum, de que são exemplos, apenas isso, a subida dos preços de artigos de primeira necessidade, tal como a falta de etiquetas com aqueles valores, como é de lei, que, não raro, deixamos passar em silêncio pela pressa de nos recolhermos em casa. Do mesmo modo, evitamos protestar perante folhetos de “instruções”, recheados de termos técnicos, escritos em línguas que a maioria dos angolanos não domina.
A pressa de uns quererem cumprir o que está estipulado por decreto criado como arma de combate à pandemia que continua a espalhar o terror em todos os continentes é usada por outros para meterem a mão em bolso alheio e dinheiro no deles. É assim sempre em momentos de excepção. Entre nós, como é “tradição”, impera a inércia de quem tem o dever de punir a infracção, mas pouco ou nada faz. Luanda precisa urgentemente de fiscalização económica actuante. E agora, com a limitação de horários dos estabelecimentos comerciais, é muito mais fácil. Basta querer e ser coerente.