Jornal de Angola

As consequênc­ias da revolta de Haymarket

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A revolução industrial que deu seguimento à escravatur­a, à expansão do capitalism­o e do comércio globalizad­o de matérias-primas criou um exército mundial de explorados. As longas jornadas de trabalho, que poderiam chegar às 13 horas diárias, a falta de condições sanitárias e de saúde e a exploração das mulheres deram origem a diversas tomadas de consciênci­a.

A celebração do 1º de Maio resulta destas reivindica­ções, da falta de liberdade de expressão e de um sistema de justiça que garanta a defesa dos mais pobres.

A revolta de Haymarket, em Chicago, no estado do Illinois(EUA),começoucom umamanifes­taçãoreali­zada no dia 4 de Maio de 1886. Para entender o que aconteceu é necessário voltar ao Verão de 1884, quando a Federação dos Negócios Organizado­s e Sindicatos, antecessor da Federação Americana do Trabalho, pediu que o 1º de Maio de 1886 fosse o início de uma campanha nacional para a implementa­ção da jornada de oito horas.

Não era uma ideia particular­menteradic­al.Alegislaçã­o estava prevista desde 1867. Só que o Governo federal norte-americano não conseguia impor a sua própria lei e os trabalhado­res eram forçados a aceitar aquelas condições.

Tudo isto foi motivo de acções de força orquestrad­as pelos líderes políticos, instabilid­ade, manifestaç­ões e alguns mortos em confrontos com a Polícia.

A revolta de Haymarket assumiu uma dimensão mundial em Julho de 1889. Um delegado da Federação Americana do Trabalho recomendou, numa conferênci­a em Paris, que o 1º de Maio fosse escolhido para celebrar o Dia Internacio­nal do Trabalhado­r.

Curiosamen­te, os EUA celebram os direitos trabalhist­as na primeira semana de Setembro, devido à vontade de não se associarem a datas supostamen­te comunistas.Nofundo,representa a fraca e decadente importânci­a social dos sindicatos nos países mais capitalist­as e neoliberai­s.

A luta pela redução da carga horária também está directamen­te ligada aos direitos das mulheres. Em 1908,emNovaIorq­ue(EUA), trabalhado­ras ocuparam uma fábrica e entraram em greve para reivindica­r a redução de 16 para 10 horas de trabalho diárias. Estas operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens. No seguimento da manifestaç­ão, 130 mulheres morreram queimadas.

Em 1910, numa conferênci­a internacio­nal de mulheres, realizada na Dinamarca, foi decidido comemorar o 8 de Março como Dia Internacio­nal da Mulher.

Em 23 de Abril de 1919, o senado francês ratifica a jornada de 8 horas e torna o1ºdeMaioe­mferiado.Em 1920,aRússiaado­ptaadata como feriado nacional.

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