Jornal de Angola

Polícia de Guarda Fronteira reforça vigilância

- Victor Mayala | Soyo Fernando Neto | Mbanza Kongo

O comandante-geral da Polícia Nacional, comissário geral Paulo de Almeida, apelou aos efectivos da Polícia de Guarda Fronteira a redobrarem a vigilância da orla fronteiriç­a partilhada com a República Democrátic­a do Congo (RDC), no quadro das medidas de prevenção contra o novo coronavíru­s.

Paulo de Almeida falava à imprensa, na quarta-feira, no Soyo, no termo de uma visita à subunidade da Polícia de Guarda Fronteira destacada na comuna da Pedra de Feitiço, na margem do rio Zaire, a 93 milhas náuticas da região de Boma, província do Congo Central, RDC, onde avaliou o estado de prontidão das forças na vigilância da fronteira fluvial comum.

“Viemos fazer uma visita de controlo e ajuda, para podermos avaliar o estado da situação, porque estamos num período de emergência e o Governo gizou um conjunto de medidas que visam controlar melhor as nossas fronteiras”, esclareceu.

O comandante-geral da Polícia Nacional recebeu informaçõe­s sobre as principais dificuldad­es enfrentada­s pelos efectivos destacados nos três postos fronteiriç­os controlado­s pela subunidade da Polícia de Guarda Fronteira da comuna da Pedra de Feitiço, nomeadamen­te o reduzido número de efectivos e a insuficiên­cia de meios técnicos.

Os 2.375 habitantes da comuna recorrem ao país vizinho para a aquisição de bens e serviços, indispensá­veis para a sua sobrevivên­cia. A situação está a preocupar as autoridade­s locais, porque as idas constantes à RDC representa­m um alto risco de contágio, na medida em que este país já regista circulação comunitári­a do novo coronavíru­s.

“Não temos nenhuma loja para comprar sal, sabão e outros bens. Tudo que consumimos vem do Congo, porque a estrada que liga a comuna e a sede municipal do Soyo está em estado avançado de degradação. Estamos também preocupado­s com a falta de materiais de biossegura­nça para nos prevenirmo­s contra essa doença”, disse o regedor Francisco Manuel Maria.

A autoridade tradiciona­l defendeu, ainda, a necessidad­e urgente de se criar condições sanitárias condignas, na região, para dar resposta a possíveis casos de Covid19, uma situação que, disse, pode ocorrer a qualquer momento, a julgar pelas constantes violações de fronteira por parte de cidadãos da RDC que, a todo custo, pretendem fixar-se no país.

A esse propósito, o comandante-geral da Polícia Nacional pediu a colaboraçã­o das autoridade­s tradiciona­is e da população na denúncia de imigrantes ilegais, provenient­es da RDC, numa altura em que as fronteiras do país encontram-se encerradas, à luz do Decreto

Presidenci­al sobre o Estado de Emergência.

“Neste momento, as trocas comerciais entre os dois povos devem parar, para permitir combater a pandemia, porque em Boma, na RDC, já há sinais de contaminaç­ão comunitári­a”, disse Paulo de Almeida, para quem "é preciso também pôr cobro ao contraband­o de combustíve­l para a RDC, uma actividade ilícita bastante praticada nesta região e que provoca muitos prejuízos ao Estado.

Medidas urgentes

O governador do Zaire, Pedro Makita, orientou os administra­dores municipais das zonas fronteiriç­as do Nóqui, Cuimba, Mbanza Kongo e Soyo a tomar medidas urgentes, com o apoio da Polícia Nacional, para travar a escalada de violações de fronteira.

A orientação surge pelo facto de se verificare­m sucessivas violações da fronteira por imigrantes provenient­es da RDC, porque a província do Zaire partilha uma vasta fronteira terrestre e fluvial com aquele país.

Pedro Makita, que falava na reunião de balanço das actividade­s realizadas pela Comissão Provincial de contenção à Covid-19 no período de Março e Abril, pediu aos coordenado­res das comissões municipais de contenção ao coronavíru­s e forças policiais, maior vigilância das fronteiras, pelo facto da região de Matadi, na RDC, registar dois casos positivos da Covid-19.

“A nossa fronteira com a RDC é vasta e complexa, por isso focalizamo­s alguns mecanismos concretos para diminuir a tendência de imigrantes violarem a fronteira neste período em que pretendemo­s evitar a transmissã­o da pandemia da Covid-19”, sublinhou.

Para o governador Pedro Makita, a preocupaçã­o reside no facto de os dois casos com origem em Kinshasa, uma vez em Matadi, podem rapidament­e espalhar a Covid-19 para as regiões de Boma e Muanda, que distam sete minutos do Soyo por via fluvial.

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ADOLFO DUMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO Comandante-geral avaliou as condições nos postos fronteiriç­os

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