Polícia de Guarda Fronteira reforça vigilância
O comandante-geral da Polícia Nacional, comissário geral Paulo de Almeida, apelou aos efectivos da Polícia de Guarda Fronteira a redobrarem a vigilância da orla fronteiriça partilhada com a República Democrática do Congo (RDC), no quadro das medidas de prevenção contra o novo coronavírus.
Paulo de Almeida falava à imprensa, na quarta-feira, no Soyo, no termo de uma visita à subunidade da Polícia de Guarda Fronteira destacada na comuna da Pedra de Feitiço, na margem do rio Zaire, a 93 milhas náuticas da região de Boma, província do Congo Central, RDC, onde avaliou o estado de prontidão das forças na vigilância da fronteira fluvial comum.
“Viemos fazer uma visita de controlo e ajuda, para podermos avaliar o estado da situação, porque estamos num período de emergência e o Governo gizou um conjunto de medidas que visam controlar melhor as nossas fronteiras”, esclareceu.
O comandante-geral da Polícia Nacional recebeu informações sobre as principais dificuldades enfrentadas pelos efectivos destacados nos três postos fronteiriços controlados pela subunidade da Polícia de Guarda Fronteira da comuna da Pedra de Feitiço, nomeadamente o reduzido número de efectivos e a insuficiência de meios técnicos.
Os 2.375 habitantes da comuna recorrem ao país vizinho para a aquisição de bens e serviços, indispensáveis para a sua sobrevivência. A situação está a preocupar as autoridades locais, porque as idas constantes à RDC representam um alto risco de contágio, na medida em que este país já regista circulação comunitária do novo coronavírus.
“Não temos nenhuma loja para comprar sal, sabão e outros bens. Tudo que consumimos vem do Congo, porque a estrada que liga a comuna e a sede municipal do Soyo está em estado avançado de degradação. Estamos também preocupados com a falta de materiais de biossegurança para nos prevenirmos contra essa doença”, disse o regedor Francisco Manuel Maria.
A autoridade tradicional defendeu, ainda, a necessidade urgente de se criar condições sanitárias condignas, na região, para dar resposta a possíveis casos de Covid19, uma situação que, disse, pode ocorrer a qualquer momento, a julgar pelas constantes violações de fronteira por parte de cidadãos da RDC que, a todo custo, pretendem fixar-se no país.
A esse propósito, o comandante-geral da Polícia Nacional pediu a colaboração das autoridades tradicionais e da população na denúncia de imigrantes ilegais, provenientes da RDC, numa altura em que as fronteiras do país encontram-se encerradas, à luz do Decreto
Presidencial sobre o Estado de Emergência.
“Neste momento, as trocas comerciais entre os dois povos devem parar, para permitir combater a pandemia, porque em Boma, na RDC, já há sinais de contaminação comunitária”, disse Paulo de Almeida, para quem "é preciso também pôr cobro ao contrabando de combustível para a RDC, uma actividade ilícita bastante praticada nesta região e que provoca muitos prejuízos ao Estado.
Medidas urgentes
O governador do Zaire, Pedro Makita, orientou os administradores municipais das zonas fronteiriças do Nóqui, Cuimba, Mbanza Kongo e Soyo a tomar medidas urgentes, com o apoio da Polícia Nacional, para travar a escalada de violações de fronteira.
A orientação surge pelo facto de se verificarem sucessivas violações da fronteira por imigrantes provenientes da RDC, porque a província do Zaire partilha uma vasta fronteira terrestre e fluvial com aquele país.
Pedro Makita, que falava na reunião de balanço das actividades realizadas pela Comissão Provincial de contenção à Covid-19 no período de Março e Abril, pediu aos coordenadores das comissões municipais de contenção ao coronavírus e forças policiais, maior vigilância das fronteiras, pelo facto da região de Matadi, na RDC, registar dois casos positivos da Covid-19.
“A nossa fronteira com a RDC é vasta e complexa, por isso focalizamos alguns mecanismos concretos para diminuir a tendência de imigrantes violarem a fronteira neste período em que pretendemos evitar a transmissão da pandemia da Covid-19”, sublinhou.
Para o governador Pedro Makita, a preocupação reside no facto de os dois casos com origem em Kinshasa, uma vez em Matadi, podem rapidamente espalhar a Covid-19 para as regiões de Boma e Muanda, que distam sete minutos do Soyo por via fluvial.