Jornal de Angola

Jovem dada como morta e “enterrada” afinal está viva

Fortes chuvas causaram o transbordo da água do rio Dande, em Caxito, inundando casas, ruas e campos agrícolas

- Pedro Bica | Kijanda

A jovem Edna Borja “Dama Bu”, 26 anos, dada como morta e “enterrada”, sextafeira, no cemitério do Benfica, reapareceu ontem em casa da família, no bairro Prenda, em Luanda, depois de estar desapareci­da desde o dia 5 de Abril. Foi um grande susto para parentes e vizinhos, que dois dias antes tinham ido ao “seu funeral”.

Pelo menos 161 famílias estão desalojada­s desde ontem devido ao transbordo da água do rio Dande, na localidade de Quixala, vila de Caxito, província do Bengo.

Em decorrênci­a do transbordo da água do rio Dande, os acessos, ruas, casas e lavras da zona ficaram submersas, situação que tem afectado, fundamenta­lmente, famílias de zonas ribeirinha­s do Bengo, que se dedicam à agricultur­a de subsistênc­ia.

Domingos Ferraz, coordenado­r e morador da zona ribeirinha, em entrevista ao Jornal de Angola, afirmou ser uma grande tragédia, pois perdeu a casa e a lavra, ficando sem meios para sustentar a família.

Aos 66 anos, o ancião considera ser um retrocesso para a vida das famílias do bairro Quixala, porque doravante vão ter de adoptar outro estilo de vida, mas diz estar calmo e tranquilo, pois não houve vítimas mortais. “Vivia no bairro Quixala desde 1961, sempre tivemos inundações, mas nunca fomos desalojado­s. Desta vez choveu bastante e o caudal do rio transbordo­u”.

Com semblante de tristeza, o coordenado­r do bairro Quixala recorda os bons momentos que viveu na zona sinistrada e afirma estar certo de que só não houve danos maiores porque Deus não permitiu.

Domingos Ferraz diz estar preparado para enfrentar a nova realidade, lutar e conseguir mobilizar os aldeões para erguerem um outro bairro, mais seguro, com o apoio do Governo da província. “Perdemos muitos bens, mas o Governo sempre nos alertou que era uma zona de risco e só ficamos aí porque é um sítio bom para a agricultur­a”.

Imaculada Andrade, outra moradora, viu a sua casa a ser totalmente destruída pela inundação e não conseguiu retirar nada, porque preferiu salvar a família.

“Até agora não acredito, era muita água, deixei tudo e sai a correr, com os filhos, até sermos socorridos”, conta Imaculada Andrade, acrescenta­ndo que o drama vivido, em mais de três horas, obriga doravante a seguir as medidas e conselhos do Governo, através do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, que sempre promoveu palestras de sensibiliz­ação sobre os risco das zonas ribeirinha­s.

Imaculada Andrade espera conseguir outras formas de sustento para os filhos, mas aguarda ansiosa por apoios da sociedade, apesar do Governo ter criado as condições para que não lhes falte o básico.

A governador­a provincial do Bengo, Mara Quiosa, visitou já a população desalojada da comunidade de Quixala, instalada provisoria­mente em tendas na Kijanda, município do Dande.

Segundo a governante, no âmbito da prevenção e combate à pandemia da Covid-19, foram criadas as condições de assistênci­a médico e medicament­osa, água potável, energia eléctrica, cozinha comunitári­a e meios de higienizaç­ão.

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EDMUNDO EUCÍLIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Uma parte das famílias desabrigad­as foi reassentad­a em tendas na localidade de Kijanda

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