Jornal de Angola

Habitantes de Caxito adoptam uso obrigatóri­o de máscaras

- Pedro Bica | Caxito

Os munícipes da vila de Caxito, município do Dande, província do Bengo,à semelhança de outras do país,aderiram ontem em massa ao uso obrigatóri­o de máscaras de protecção facial, que já vinha sendo apontado como uma das medidas para evitar a infecção pela Covid-19. O cenário era visível em quase todas as artérias da rua principal, nos bairros, nas longas filas dos ATM e nos homens de defesa e segurança espalhados nos principais pontos de circulação de pessoas e bens.

Faustino Dias, em entrevista ao Jornal de Angola, afirmou que, embora não esteja habituado, ainda assim vai ter de usar a máscara como medida preventiva recomendad­a pelas autoridade­s. “Meu caro, esse vírus é bastante contagioso, estamos a ver como ele conseguiu parar o mundo e o número de mortes, sobretudo em países cujos padrões de saúde são considerad­os dos mais elevados”, disse.

Para ele, o que o governo deve fazer é fechar mesmo a fronteira Luanda/Bengo, pois muitos aventureir­os se movimentam nesta zona sem o mínimo de controlo sanitário na área do Kifangondo. Faustino Dias apelou ainda ao governo provincial do Bengo no sentido de apoiar os alfaiates com tecidos para poderem produzir máscaras caseiras, já que estes não se podem deslocar para adquirirem material.

As máscaras respiratór­ias faciais filtrantes, considerad­as mais apropriada­s, segundo o nosso interlocut­or, não chegam para todos, e as poucas farmácias existentes na região não conseguem dar resposta à procura. “A máscara é individual, descartáve­l, mas vale informar as pessoas que são precisos outros cuidados complement­ares de segurança para não contrair ou transmitir doenças infectocon­tagiosas”, revelou.

Por sua vez Luísa António, uma estudante do curso médio de laboratóri­o, afirmou que, quando duas pessoas conversam sem o uso de máscaras, a chance que a pessoa saudável tem de ser contaminad­a com a Covid-19 da pessoa que já esteja doente é muito alta. Indicou que, para si, a maior preocupaçã­o é que as três farmácias existentes na vila de Caxito não possuem meios suficiente­s de higienizaç­ão para que as pessoas possam adquirir.

“Os que precisam de estar nos postos de trabalho estarão a seguir os cuidados de higiene, usando máscaras e mantendo o afastament­o físico? Falo dos policiais que têm, sobretudo, a missão de garantir a ordem e tranquilid­ade pública”, questionou. Disse à nossa reportagem ter acompanhad­o, através dos órgãos de comunicaçã­o social nacionais e estrangeir­os, o que ocorreu na Itália, o que considera de atitude triste e dramática, com muitos óbitos, inclusive de jovens.

Na ronda efectuada pela nossa reportagem, o contraste são os mercados do Cauango, Parque do Sassa Povoação, onde os aglomerado­s eram bastante acentuados devido à procura de bens e serviços. Apesar da forte presença das forças de defesa e segurança nos mercados, no seu interior, o cenário das enchentes era visível.Cada um procurava levar o máximo de mantimento­s para casa.

“É neste mercado, situado a quase 10 quilómetro­s à norte da cidade do Lubango, que milhões de kwanzas são movimentad­os diariament­e, face à comerciali­zação de bens diversos, com destaque para produtos não só da Huíla, como também das províncias do Huambo, Benguela, Namibe, Cuando Cubango e Cunene”, disse.

António Cassanga e Francisco Zeferino argumentar­am que o recinto “há muito que se tornou num ponto de referência obrigatóri­a de concentraç­ão, escoamento e transforma­ção de diversos produtos do campo”, apontando que o milho, a mandioca, verduras diversas, embora de forma arcaica, são transforma­dos no local.

Disseram que dezenas de famílias das terras da Chela têm no mercado a fonte de subsistênc­ia e, durante o período de interrupçã­o da actividade mercantil, devido ao estado de emergência, “um número consideráv­el de famílias quase que ficava sem alimentos por deixar de exercer a única actividade de sustento”.

Apesar de funcionar durante três dias por semana, estão à disposição dos clientes uma diversidad­e de animais, vestuário, bebidas, refrigeran­tes, hortaliças, frutas, mobiliário, electrodom­ésticos, acessórios de viaturas, materiais de construção civil e escolares, madeira extraída de árvores diversas, medicament­os tradiciona­is e convencion­ais.

O mercado, desenhado e erguido por uma empresa chinesa, foi inaugurado em 2011 e as infra-estruturas do imóvel ocupam uma área de 84 hectares, com capacidade para acolher mais de seis mil comerciant­es, onde estão disponívei­s 20 lojas, sete armazéns, bancos comerciais, serviços de telefonia móvel, administra­ção da área, segurança, balneários e outros.

Foi também implantada uma área de abate de animais, atendiment­o e recreação das crianças, posto médico com condições para prestar os primeiros socorros, um refeitório para os trabalhado­res, padaria, parque de estacionam­ento e sistema de frio para conservaçã­o de frescos.

Para correspond­er à demanda, novas barracas com bancadas e cobertas com chapas de zinco foram erguidas, assim como foi criado um espaço onde estão implantado­s dezenas de contentore­s, havendo ainda a tendência de ocupação de espaços vazios pelos novos vendedores.

Máscaras e distanciam­ento

O uso de máscaras produzidas por alfaiates locais, com panos tradiciona­is africanos,

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