Habitantes de Caxito adoptam uso obrigatório de máscaras
Os munícipes da vila de Caxito, município do Dande, província do Bengo,à semelhança de outras do país,aderiram ontem em massa ao uso obrigatório de máscaras de protecção facial, que já vinha sendo apontado como uma das medidas para evitar a infecção pela Covid-19. O cenário era visível em quase todas as artérias da rua principal, nos bairros, nas longas filas dos ATM e nos homens de defesa e segurança espalhados nos principais pontos de circulação de pessoas e bens.
Faustino Dias, em entrevista ao Jornal de Angola, afirmou que, embora não esteja habituado, ainda assim vai ter de usar a máscara como medida preventiva recomendada pelas autoridades. “Meu caro, esse vírus é bastante contagioso, estamos a ver como ele conseguiu parar o mundo e o número de mortes, sobretudo em países cujos padrões de saúde são considerados dos mais elevados”, disse.
Para ele, o que o governo deve fazer é fechar mesmo a fronteira Luanda/Bengo, pois muitos aventureiros se movimentam nesta zona sem o mínimo de controlo sanitário na área do Kifangondo. Faustino Dias apelou ainda ao governo provincial do Bengo no sentido de apoiar os alfaiates com tecidos para poderem produzir máscaras caseiras, já que estes não se podem deslocar para adquirirem material.
As máscaras respiratórias faciais filtrantes, consideradas mais apropriadas, segundo o nosso interlocutor, não chegam para todos, e as poucas farmácias existentes na região não conseguem dar resposta à procura. “A máscara é individual, descartável, mas vale informar as pessoas que são precisos outros cuidados complementares de segurança para não contrair ou transmitir doenças infectocontagiosas”, revelou.
Por sua vez Luísa António, uma estudante do curso médio de laboratório, afirmou que, quando duas pessoas conversam sem o uso de máscaras, a chance que a pessoa saudável tem de ser contaminada com a Covid-19 da pessoa que já esteja doente é muito alta. Indicou que, para si, a maior preocupação é que as três farmácias existentes na vila de Caxito não possuem meios suficientes de higienização para que as pessoas possam adquirir.
“Os que precisam de estar nos postos de trabalho estarão a seguir os cuidados de higiene, usando máscaras e mantendo o afastamento físico? Falo dos policiais que têm, sobretudo, a missão de garantir a ordem e tranquilidade pública”, questionou. Disse à nossa reportagem ter acompanhado, através dos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros, o que ocorreu na Itália, o que considera de atitude triste e dramática, com muitos óbitos, inclusive de jovens.
Na ronda efectuada pela nossa reportagem, o contraste são os mercados do Cauango, Parque do Sassa Povoação, onde os aglomerados eram bastante acentuados devido à procura de bens e serviços. Apesar da forte presença das forças de defesa e segurança nos mercados, no seu interior, o cenário das enchentes era visível.Cada um procurava levar o máximo de mantimentos para casa.
“É neste mercado, situado a quase 10 quilómetros à norte da cidade do Lubango, que milhões de kwanzas são movimentados diariamente, face à comercialização de bens diversos, com destaque para produtos não só da Huíla, como também das províncias do Huambo, Benguela, Namibe, Cuando Cubango e Cunene”, disse.
António Cassanga e Francisco Zeferino argumentaram que o recinto “há muito que se tornou num ponto de referência obrigatória de concentração, escoamento e transformação de diversos produtos do campo”, apontando que o milho, a mandioca, verduras diversas, embora de forma arcaica, são transformados no local.
Disseram que dezenas de famílias das terras da Chela têm no mercado a fonte de subsistência e, durante o período de interrupção da actividade mercantil, devido ao estado de emergência, “um número considerável de famílias quase que ficava sem alimentos por deixar de exercer a única actividade de sustento”.
Apesar de funcionar durante três dias por semana, estão à disposição dos clientes uma diversidade de animais, vestuário, bebidas, refrigerantes, hortaliças, frutas, mobiliário, electrodomésticos, acessórios de viaturas, materiais de construção civil e escolares, madeira extraída de árvores diversas, medicamentos tradicionais e convencionais.
O mercado, desenhado e erguido por uma empresa chinesa, foi inaugurado em 2011 e as infra-estruturas do imóvel ocupam uma área de 84 hectares, com capacidade para acolher mais de seis mil comerciantes, onde estão disponíveis 20 lojas, sete armazéns, bancos comerciais, serviços de telefonia móvel, administração da área, segurança, balneários e outros.
Foi também implantada uma área de abate de animais, atendimento e recreação das crianças, posto médico com condições para prestar os primeiros socorros, um refeitório para os trabalhadores, padaria, parque de estacionamento e sistema de frio para conservação de frescos.
Para corresponder à demanda, novas barracas com bancadas e cobertas com chapas de zinco foram erguidas, assim como foi criado um espaço onde estão implantados dezenas de contentores, havendo ainda a tendência de ocupação de espaços vazios pelos novos vendedores.
Máscaras e distanciamento
O uso de máscaras produzidas por alfaiates locais, com panos tradicionais africanos,