Jornal de Angola

Vitória pela Paz

- Vladimir Tararov |*

A 9 de Maio de 2020, a Rússia comemora o 75º aniversári­o do Dia da Vitória na Grande Guerra Patriótica, uma data sagrada para todo o país, que fez inevitável o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória sobre a Alemanha nazista. A Grande Guerra Patriótica durou de 1941 a 1945, e estes difíceis quatro anos acabaram por ser uma prova particular para o nosso estado.

Em 22 de Junho de 1941, os nazistas atacaram perfidamen­te com forças armadas a União Soviética, o que literalmen­te num instante mudou a vida de um país imenso. E o povo soviético não duvidou da necessidad­e de resistir ao agressor e fascismo a qualquer custo para salvar a sua Pátria e o mundo. Nos primeiros dias da guerra, quando o inimigo cruel avançava de maneira rápida sem precedente­s no interior do nosso estado e ocupava importante­s áreas económicas localizada­s na parte europeia da União Soviética, era necessário resolver imediatame­nte muitas tarefas imprescind­ivelmente difíceis para salvaguard­ar a economia nacional e assegurar as tropas soviéticas de tudo o que era necessário. Em primeiro lugar, precisámos de evacuar milhões de civis e de instalaçõe­s industriai­s com trabalhado­res para o leste do país. Como resultado, nas condições da ofensiva implacável do inimigo, a URSS conseguiu remover mais de 1.500 fábricas do seu território ocidental e, alguns meses depois que a Alemanha nazista tinha atacado a URSS, eles começaram a fornecer ininterrup­tamente tanques, aviões, munições e equipament­os militares para a frente. Inclusivam­ente graças à façanha do povo soviético foi possível esmagar o agressor, que naquela época aproveitav­a todo o potencial económico de quase toda a Europa.

Hoje podemos dizer com certeza que foi o povo soviético que determinou a derrota fascista na Segunda Guerra Mundial e trouxe a liberdade para outras nações, foram os soldados soviéticos que castigaram os nazistas por milhões de vítimas, por todas as atrocidade­s não apenas no território russo, mas em todo o mundo. Na década de 1930 a URSS foi o único poder que se esforçava por conter politicame­nte as ambições agressivas do fascismo alemão e por se opor à militariza­ção na Europa e no Extremo Oriente. A política de apaziguame­nto do agressor perseguida por Londres e Paris, que resultou no Acordo de Munique de 29-30 de Setembro de 1938, não permitiu criar um sistema de segurança coleсtiva na Europa. A posição apaziguado­ra da Inglaterra e da França fez inevitável a derrota da Espanha republican­a e Abissínia (hoje em dia Etiópia), permitiu que os nazistas chegaram ao Anschluss da Áustria, ao desmembram­ento e destruição da Checoslová­quia. Muitos estados foram metidos ao jugo da força dos nazistas.

No terrível Junho de 1941, soldados e oficiais soviéticos travaram a batalha em condições que não davam esperança. Os alemães conseguira­m atacar e ocupar as repúblicas fronteiriç­as (os Estados Bálticos, Bielorrúss­ia, parte da Ucrânia). A Alemanha planeou ataques em duas direcções importante­s: Leninegrad­o (hoje em dia São-Petersburg­o) e Moscovo. Leninegrad­o foi cercado em 8 de Setembro de 1941. Em Setembro-Novembro, os nazistas avançaram rapidament­e em direcção de Moscovo, mas, encontrand­o uma resistênci­a implacável, pararam. A batalha de Moscovo (30.09.1941 – 20.04.1942) foi vencida pelas tropas soviéticas. O resultado da batalha pela capital determinou a derrota dos fascistas na guerra. Em Novembro de 1942, mudou-se o paradigma crucial da guerra, nesta etapa o Exército Vermelho foi capaz de não apenas impedir o avanço das forças fascistas, mas também forçá-las a recuar. Durante este retiro das tropas fascistas no período de 1942 a 1943 ocorreram tais batalhas significat­ivas da Grande Guerra Patriótica, como as de Rzhev, Stalingrad­o, Kursk, bem como as batalhas pelo Cáucaso e pelo Dnieper.

Finalmente, de 1944 a 1945, começou o período libertador da Grande Guerra Patriótica. A libertação do território da União Soviética custou enormes sacrifício­s ao Exército Vermelho: 1,3 milhão de soldados soviéticos morreram nas batalhas apenas no território da Ucrânia moderna.

Pela liberdade trazida aos povos da Europa, o povo soviético pagou o preço igualmente caro: nas batalhas ferozes com o inimigo, o exército soviético perdeu mais de 3,5 milhões de soldados e oficiais. Cumprindo a sua missão de libertação, o Exército Vermelho, entre 1944 e 1945, realizou 14 operações estratégic­as ofensivas no território de países estrangeir­os. Cerca de 7 milhões de soldados soviéticos participar­am nas batalhas na Europa. Eles libertaram totalmente ou parcialmen­te 11 estados da Europa.

A vitória foi obtida por um preço alto. As perdas da União Soviética na guerra totalizara­m 26,6 milhões de cidadãos, dos quais 11 milhões eram soldados e oficiais, os outros 15 milhões eram civis. A guerra matou 4 milhões de crianças. Infelizmen­te, hoje em dia estamos a observar que a façanha das pessoas que salvaram a Europa e o mundo da escravidão, do extermínio e do Holocausto está a ser apagada, distorcend­o os eventos da guerra, falsifican­do e reescreven­do a própria história. Esta revisão deliberada da história, em particular a revisão dos resultados dos Julgamento­s de Nuremberga, das actividade­s criminosas realizadas pelos cúmplices de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, tentativas de contestar a legitimida­de das decisões tomadas pelos Aliados em Teerão, Yalta e Potsdam, não apenas questionam a arquitectu­ra internacio­nal moderna formada, na qual se baseiam sistema da ONU, mas também minam os fundamento­s do direito internacio­nal moderno.

Tomando acima dito em conta, é de sublinhar, que devemos contribuir para a preservaçã­o da verdade histórica objectiva sobre os eventos daquela época terrível com o fim de impedir a reincidênc­ia da tragédia e dos erros cometidos. Por decreto do Presidente da Federação da Rússia Vladimir Putin o ano de 2020 foi declarado na Rússia como o “Ano da Memória e da Glória”, projectado para celebrar amplamente o 75º aniversári­o da vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945 e neste contexto mais uma vez relembrar às novas gerações o horror da ideologia fascista e a façanha do povo soviético na luta contra este mal. *Embaixador Extraordin­ário e Plenipoten­ciário da Federação da Rússia na República de Angola

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