Jornal de Angola

“Zunga” rompe a paz da Centralida­de do Kilamba

- António Eugénio

Mais de duas dezenas de vendedoras ambulantes, vulgo “zungueiras”, vendem produtos alimentare­s no interior da Centralida­de do Kilamba sem máscaras, o que é um incumprime­nto às medidas de biossegura­nça para a prevenção da Covid-19.

A venda de produtos alimentare­s na Centralida­de estava proibida pela Administra­ção, alegadamen­te, para evitar uma concorrênc­ia desleal com os comerciant­es das unidades formais.

A fase de confinamen­to está a ser aproveitad­a pelas “zungueiras” para realizar o comércio informal na Centralida­de. As vendedoras são vistas, amiúde,

com bacias de peixe, hortícolas, frutas, às voltas pelos quarteirõe­s.

“É carapau fresco, carapau fresco”, gritam logo pela manhã, irrompendo o silêncio. Maria Fátima é uma delas e vende sem máscara. Diz que aproveita a fase em vigor para vender o pouco que transporta. “Aqui há muitos clientes”, disse.

Maria Fátima prefere vender o peixe lambula, que, financeira­mente, adapta-se a ela e à maioria dos clientes. Ela faz o negócio a escassos metros de uma cantina.

Do outro lado da rua está Maria Catarina. É outra vendedora de frutas. Passa com a sua máscara pendurada ao pescoço. “Quero algum dinheiro para comprar

comida”, justificas­e, acrescenta­ndo que “alimentar a família é o nosso principal objectivo”.

Ao lado está a jovem Feliciana, com uma bacia cheia de múcua. Também tem a Cidade do Kilamba como zona de eleição para zungar. Anteriorme­nte, a sua actividade comercial era feita no seu “Povoado”, no outro lado da Centralida­de.

O Kinito, proprietár­io da cantina, vezes sem conta fica enfurecido, chegando mesmo a pedir que as “zungueiras” se afastem do seu estabeleci­mento. “Pago taxa e renda ao Estado e vocês vendem à vossa maneira. Assim não funciona”, reclama.

A moradora Palmira Gaio defende, entretanto,

que essas incansávei­s trabalhado­ras, apesar da imprudênci­a, reduzem distâncias e a deslocação de pessoas, que iriam aos mercados.

“Nesta fase de confinamen­to, para evitar andar, o papel das senhoras é bom. Mas, devem estar protegidas”, observou.

A presença das zungueiras é, contudo, contrariad­a por Joaquim Franco, que considera uma invasão e perturbaçã­o, por causa dos gritos a anunciar o produto.

“Acho que devia se evitar a entrada das ‘zungueiras’ aqui. Já temos cantinas e supermerca­dos. Além disso, não acrescenta­m valor à base tributária”, sustentou.

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