Jornal de Angola

PAIGC denuncia ocupação do Parlamento por militares

As forças de segurança da Guiné-Bissau ocuparam, na quintafeir­a, por várias horas, a sede do Parlamento, impedindo a entrada e saída de pessoas

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O líder parlamenta­r do Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Califa Seidi, qualificou, quinta-feira, segundo a Lusa, “acto bárbaro” a ocupação da Assembleia Nacional Popular (ANP) guineense pelas forças de segurança.

As forças de segurança guineenses ocuparam, quintafeir­a, durante várias horas, o Parlamento da Guiné-Bissau, depois de anunciada uma conferênci­a de imprensa de deputados que mantêm o apoio ao Governo de Aristides Gomes, demitido por Umaro Sissoco Embaló, impedindo a entrada de pessoas.

O PAIGC, a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrátic­o da Guiné-Bissau (APUPDGB), Partido da Nova Democracia e União para a Mudança, assinaram, em Março de 2019, um acordo de incidência parlamenta­r, na sequência da realização de legislativ­as, ficando com 53 dos 102 deputados eleitos.

Representa­ntes dos quatro partidos realizaram, na quinta-feira à tarde, uma conferênci­a de imprensa, na qual reafirmara­m a fidelidade ao acordo rubricado em 18 de Março de 2019. É “um dos actos mais bárbaros na história democrátic­a” do país, afirmou Califa Seidi, em conferênci­a de imprensa, que acabou por se realizar no Parlamento.

Para o líder da bancada parlamenta­r do PAIGC, a responsabi­lidade pelo acto é do Governo “investido com força e que continua com a lógica da força, indo contra a democracia”.

A Guiné-Bissau tem vivido, desde o início do ano, mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter auto-proclamado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencios­o eleitoral apresentad­o pela candidatur­a de Domingos Simões Pereira.

Na sequência da tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, apesar daquele manter a maioria no Parlamento, e nomeou para PrimeiroMi­nistro, Nuno Nabian, líder da APU-PDGB, que formou um Governo com o Movimento para a Alternânci­a Democrátic­a (líder da oposição), Partido de Renovação Social e elementos do movimento de apoio ao antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, e do antigo Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior.

Contradiçõ­es da CEDEAO

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política na Guiné-Bissau, reconheceu Umaro Sissoco Embaló como vencedor da segunda volta das eleições presidenci­ais do país e pediu a formação de um novo Governo até 22 de Maio com base na Constituiç­ão e nos resultados das legislativ­as de Março de 2019.

Na conferênci­a de imprensa, em Bissau, participou, também, Marciano

Indi, líder da bancada da APU-PDGB, que corroborou as palavras de Seidi e ainda indicou que quatro dos cinco deputados do partido estão ao lado da coligação que sustenta o Governo de Aristides Gomes. “A maioria parlamenta­r está do nosso lado”, observou Indi, que se assume desavindo com o líder da APU-PDGB, Nuno Nabian.

Nas declaraçõe­s aos jornalista­s, Califa Seidi instou a CEDEAO a permitir que seja Aristides Gomes a liderar o Governo da Guiné-Bissau. “Se assim não for e nada acontecer até dia 22, a CEDEAO terá que assumir as suas responsabi­lidades perante os guineenses e a comunidade internacio­nal”, defendeu Seidi.

Os quatro partidos da maioria parlamenta­r entendem o posicionam­ento da CEDEAO “como algo contraditó­rio”, já que o Governo de Aristides Gomes tem a maioria no Parlamento, que aprovou o seu programa de Governo. “Não se compreende o porquê de solicitar a nomeação de um novo executivo ao invés de exortar simplesmen­te a reinstalaç­ão do Governo que tem a maioria no Parlamento”, afirmaram.

Nas declaraçõe­s aos jornalista­s, os representa­ntes dos quatro partidos exortaram, também, as “instituiçõ­es da república e a comunidade internacio­nal a empenharem-se na criação de condições que permitam ao Supremo Tribunal de Justiça decidir num futuro próximo sobre o contencios­o eleitoral”.

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DR Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde lamenta “acto bárbaro”

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