Depois da guerra, mais mortes
O fim do conflito na Europa foi oficializado primeiro em Reims, França, no dia 7 de Maio de 1945, para ser assinado de novo no dia seguinte em Berlim. “Nós, abaixo-assinados, que negociamos em nome do alto Comando alemão, declaramos a capitulação incondicional ante o alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo tempo ante o alto Comando das Forças expedicionárias aliadas de todas as nossas Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no momento estão sob ordens alemãs”, e foi assinado em Berlim por Keitel, Friedeburg e Stumpf.
Foi um movimento imparável desencadeado pelo avanço das tropas inimigas e pelo suicídio do ditador. As forças nazis já tinham baixado as armas em Itália (dia 2) e na Holanda (5). No entanto, algumas unidades continuaram a lutar durante uma semana.
Com o fim da guerra, os campos de concentração foram transformados em campos de internamento aliados e campos especiais soviéticos. Se nos primeiros os presos estiveram em condições “relativamente adequadas”, segundo Nikolaus Wachsmann, já os três campos que passaram para mãos soviéticas tiveram outra história: dos cerca de 100 mil presos, 22 mil morreram.
“A indiferença e a incompetência deram origem a condições terríveis, com fome, sobrelotação e doenças que resultaram em mortes em massa”, notou o historiador alemão.
Na fase final da guerra, um número calculado em cinco milhões de alemães fugiu ao avanço soviético. A este êxodo, soma-se a perseguição a que ficaram sujeitas as minorias alemãs nos países antes ocupados pelos nazis. E mais tarde, a expulsão da Checoslováquia (3 milhões), da Polónia (3,5 milhões) e, em menor número, da Hungria, Roménia e Jugoslávia fez parte da política oficial do Conselho de Controlo Aliado.
Contas feitas (aproximadas) indicam que entre 12 a 14 milhões de alemães foram expulsos do Leste europeu. Ao chegarem a uma Alemanha em ruínas, mais de dois milhões terão morrido de fome, segundo um cálculo realizado em 1967.
A engenharia soviética iria ainda colocar seis milhões de polacos no território que a Polónia herdou da Alemanha no final da guerra. Essa população, por sua vez, estava a ser retirado do território até então polaco e agora pertença da URSS.
Nas palavras de Elie Wiesel, sobrevivente do campo de concentração de Buchenwald, se pode extrair a lição para a Europa (pelo menos a ocidental, que nas décadas seguintes forja um projecto económico, primeiro, político, depois, para a paz do continente. “Fostes os nossos libertadores, mas nós, os sobreviventes doentes, emaciados, quase inumanos, fomos os vossos professores. Ensinámosvos a compreender o reino da noite.”
Cinco anos depois, o ministro francês Robert Schuman lança as bases para a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço: “A Europa não se fará de um golpe, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem, em primeiro lugar, uma solidariedade de facto. A união das nações europeias exige que seja eliminada a secular oposição entre a França e a Alemanha.”