O papel de cada um de nós
Hoje, os Estados, mais alguns do que outros, vivem uma experiência não apenas nunca antes testemunhada, mas também que ameaça a existência e a sobrevivência de muitos. A Covid-19, uma doença que produz em todo o mundo consequências trágicas, está a produzir um golpe fatal a numerosas economias e levar muitos Estados à beira da falência. Algumas sociedades que, embora tenham já “achatado a curva” da Covid-19, ainda não reduziram significativamente o impacto da doença ao ponto de um regresso à normalidade, continuam a viver uma fase de excepção. E o panorama que, em vários ordenamentos jurídicos assume contornos diferentes, mas com quadros semelhantes no que ao exercício dos direitos diz respeito, continua a impor restrições na mobilidade humana, nos aglomerados populacionais, na reabertura dos negócios, entre outros procedimentos.
Outros países, como Angola, que não viram ainda a curva de contágio e desenvolvimento da doença a atingir o seu apogeu, para verificar-se depois a queda descendente, tomaram e continuam a tomar decisões oportunas para salvaguardar a Saúde Pública. As autoridades desses países, incluindo-se aqui as angolanas, fazem leituras apropriadas do contexto, das forças e fraquezas do sistema sanitário, da situação económica e têm consciência plena de que apenas com um conjunto de estratégias em que todos se revejam sairão disto mais cedo. E para isso precisamos que todos sem excepção, evidentemente a começar por aqueles que, em função da exposição pública, responsabilidade e capacidade de mobilização, podem ajudar a fazer milhares a “seguirem” o que é recomendável nesta fase.
A renovação do Estado de Emergência, em função da nossa realidade era apenas uma questão de tempo, sendo o mais importante o questionamento individual que devemos fazer, baseado na pergunta segundo a qual: estarei eu a fazer e dar o meu melhor para sairmos desta situação?
O sucesso da terceira prorrogação de um período de excepção em que todos são chamados a desempenhar o papel que, esperamos, incida na reversão de todas as situações que configurem a temida fase de contágio comunitário, depende de cada um de nós.
A fase de infecção circunscrita a um local por parte de pessoas que interagiram com aquelas que chegaram de viagem, que se pode generalizar depois, é um cenário que pretendemos sob o completo controlo. Esse é o principal desígnio que moveu as entidades que se pronunciaram, na ordem de precedência que tinha começado com o Conselho da República, a Assembleia Nacional, por várias vozes da sociedade civil e pelo Chefe de Estado, que oficialmente proclamou a dilatação do período de excepção que Angola vai viver.
Atendendo às experiências pelas quais têm passado outras realidades, apesar de condições sanitárias avantajadas, qualquer angolano pode calcular, mesmo com alguma margem de erro, as consequências de uma expansão do contágio comunitário. Fazemos votos de que tenhamos mais casos de recuperação, que as medidas do Estado de Emergência estejam a ser devidamente acatadas e que o regresso à normalidade se efective, dependendo de cada um de nós, o mais cedo possível.