EUA reduzem presença militar na Arábia Saudita
A decisão de reduzir a presença americana na Arábia Saudita surge poucos meses depois de o Pentágono ter iniciado o reforço militar naquele país para combater as ameaças do Irão
Além do início, na sextafeira, dos sistemas de mísseis Patriot e tropas relevantes, da Arábia Saudita, os Estados Unidos estão a reposicionar alguns esquadrões de aviões de combate na região do Golfo Pérsico, segundo o periódico “Wall Street Journal”.
As movimentações acontecem num momento de tensão entre os dois países devido à produção de petróleo.
Os activos militares foram enviados à Arábia Saudita após um ataque a instalações petrolíferas, para paralisar a produção do reino. Os governos em Riad e Washington responsabilizaram o Irão pelo ataque.
O Irão nega qualquer relação com os actos contra instalações de petróleo no Golfo Pérsico, porém, nenhum grupo ou organização assumiu responsabilidade por tais incidentes.
Um funcionário do Pentágono confirmou que os EUA iniciaram a retirada de duas baterias de mísseis patriot que guarneciam as instalações petrolíferas na Arábia Saudita, mas permanecem outras duas na base aérea Prince Sultan, no deserto, juntamente com outros sistemas de defesa aérea e aviões caça a jacto.
Cerca de 300 militares que operam os mísseis deixam também a Arábia Saudita, acrescentou o oficial, que falou na condição de fonte anónima sobre operações militares sensíveis.
De acordo com algumas informações, a retirada de mísseis Patriot da Arábia Saudita e a redistribuição de alguns equipamentos e material de guerra em outras posições de outros países vizinhos é uma operação em curso e baseia-se na crença de “alguns oficiais” de que o Irão “representa ameaça imediata aos interesses estratégicos americanos no Golfo”.
As fontes sublinharam que alguns coordenadores estratégicos do Pentágono aconselham que estes activos devem ser redistribuídos para enfrentar novos desafios, como a presença crescente da China em questões geopolíticas da Ásia.
Outros oficiais acreditam que uma retirada total poderia encorajar acções iranianas na região, em particular, devido à política contínua do Governo de Donald Trump de exercer “máxima pressão” sobre Teerão.
“O Exército tem um número limitado de sistemas, e estes têm de ser periodicamente transportados para casa, para serem actualizados, avançou, ainda o oficial do Pentágono, acrescentando que duas baterias Patriot, que se encontram na região do Médio Oriente também vão ser enviadas aos EUA para a manutenção e modernização.
Não é claro, porém, se a disputa em curso sobre o petróleo ou a luta para repartir os cobiçados sistemas Patriot foi o factor-chave na decisão dos EUA para retirar os sistemas do reino.
Quando a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo e reduziu os preços, este ano, os republicanos acusaram o reino de exagerar a instabilidade no mercado petrolífero, que já estava a sofrer devido à pandemia do novo coronavírus.
A volatilidade e a queda dos preços do petróleo prejudicaram os produtores de gás de xisto dos EUA, levando a despedimentos na indústria, em particular nos Estados governados pelos republicanos.
Alguns senadores republicanos avisaram, no final de Março que, se a Arábia Saudita não mudasse de rumo, corria o risco de perder o apoio da defesa norte-americana e de enfrentar restrições comerciais, investi- gações e sanções.