Jornal de Angola

Jovem morto pela Polícia enterrado hoje no Benfica

- André da Costa

O jovem António Domingos Vulola, 20 anos, que na sextafeira foi morto a tiro, por um agente da Polícia Nacional, que se encontrava em serviço na esquadra móvel do bairro Huambo, no Rocha Pinto, província de Luanda, é enterrado hoje, no cemitério do Benfica.

José André, irmão mais velho da vítima, explicou ao Jornal de Angola que o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional prometeu entregar o caixão e alimentos para ajudar no óbito.

Explicou que o seu irmão, que trabalhava numa lanchonete há um ano, encontrava-se no bairro por volta das 21 horas, em companhia de amigos, junto de uma residência onde havia óbito, quando, de repente, apareceram os agentes da corporação que exigiam máscaras.

Os agentes, explicou, começaram por separar os jovens com máscaras, colocando-os num lado, e depois começaram a bater todos, pelo facto de estarem na rua.

Explicou que o seu irmão, António Vulola, vendo que os amigos estavam a ser espancados, com medo, colocou-se em fuga, tendo um dos agentes efectuado o disparo que o atingiu mortalment­e.

Explicou que na altura em que caiu, por volta das 22 horas, os amigos pretendiam leválo para o hospital, mas não tinham carro, pelo que foi a própria Polícia que, momentos depois, socorreu o jovem, levando-o para uma unidade sanitária, onde faleceu. António Vulola vivia no Rocha Pinto, com a esposa e uma filha, que hoje completa seis dias.

Reacção da Polícia

O director do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa da Delegação Provincial do Ministério do Interior em Luanda, intendente Hermenegil­do de Brito, explicou que o sucedido ocorreu quando a Polícia Nacional, no âmbito da fiscalizaç­ão, devido às medidas de prevenção contra a Covid -19, registou um aglomerado de pessoas, no bairro Huambo.

A Polícia Nacional, explicou, na perspectiv­a de persuadir os cidadãos a obedecerem as medidas do Estado de Emergência foi confrontad­a pelos jovens, que partiram para a agressão contra as forças da ordem, com arremesso de paus, pedras e garrafas.

Hermenegil­do de Brito explicou que na tentativa de dispersão e em defesa da sua integridad­e física, as forças da ordem efectuaram disparos, um dos quais atingiu acidentalm­ente António Domingos Vulola, que foi socorrido para o Hospital Josina Machel, onde acabou por morrer.

Na sequência da ocorrência, houve por parte dos moradores a tentativa de vandalizaç­ão da esquadra móvel, assim como de algumas viaturas que ali se encontrava­m estacionad­as, não tendo acontecido o pior devido à pronta intervençã­o das forças policiais.

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