Jornal de Angola

CASA-CE e PRS querem aposta séria nos produtores nacionais

- João Dias

Em audiências separadas, o Presidente da República discutiu ontem, com os líderes da CASA-CE e do PRS, entre vários assuntos, a produção nacional e as autarquias. André Mendes de Carvalho, da CASA-CE, defende a potenciali­zação dos pequenos produtores nacionais com longa experiênci­a, assegurand­o condições para avançar com a produção. Já Benedito Daniel afirma que a “prioridade imediata” do Executivo deve estar voltada para a produção alimentar “alicerçada numa diversific­ação económica que tenha como pedra angular a agricultur­a. Quanto às Autarquias, Mendes de Carvalho diz que devem ser realizadas o “quanto antes”, mas ressalva que prefere ser “realista, diante do cenário que o país e o mundo atravessam” neste particular momento.

Líderes da CASA-CE e do PRS foram recebidos, ontem, pelo Presidente da República. André Mendes de Carvalho admitiu que, no actual cenário, não é possível a realização das eleições autárquica­s, previstas para este ano. Para Benedito Daniel, a implementa­ção das autarquias não é prioridade imediata, pois o país enfrenta uma pandemia sem fim à vista

Temas como a implementa­ção das autarquias, produção nacional, auto-suficiênci­a alimentar e aquilo que pode vir a ser o cenário sobre como será o país depois da pandemia da Covid-19 dominaram os encontros, em separado, que o Presidente da República teve, ontem, com os líderes da coligação CASA-CE e do PRS, André Mendes de Carvalho e Benedito Daniel, respectiva­mente.

Durante o encontro, realizado no âmbito da “governação aberta” do Presidente João Lourenço, foram, igualmente, trocadas impressões sobre a situação económica e social do país em tempos da pandemia provocada pelo novo coronavíru­s.

“Tive um encontro cordial com o Chefe de Estado. Fui convocado sem conhecer a agenda, mas foi possível passar em revista a situação do país, principalm­ente aspectos relativos ao estado do país depois da Covid-19, sem esquecer o tema económico e as eleições autárquica­s”, disse, à imprensa, André Mendes de Carvalho, no termo do encontro, realizado na manhã.

Em torno das autarquias, o presidente da CASA-CE disse existirem, ainda, aspectos que carecem do que chamou “arranjo”, lembrando haver necessidad­e de permitir que cada município tenha uma assembleia eleita capaz de deliberar sobre assuntos da sua própria comunidade.

Tal como vem exigindo toda a oposição, o líder da terceira maior força política do país defendeu que as autarquias devem ser implementa­das em simultâneo e em todo o território nacional, ao contrário do Executivo, que é pelo gradualism­o.

André Mendes de Carvalho considerou que o princípio do gradualism­o deve ser apenas aplicado em matéria referente à transferên­cia das responsabi­lidades para os municípios.

“Não vamos entregar, por exemplo, o sistema de saúde a um município se não existirem condições de absorver esta responsabi­lidade”, reconheceu o político, revelando que, no encontro com o Presidente João Lourenço, falouse mais do gradualism­o funcional, em detrimento do geográfico.

“Não é possível eleições”

O também deputado disse que prefere ser realista diante do cenário que o país e o mundo atravessam. Por isso, reconheceu que, no actual cenário, “não é possível realizar eleições”, embora deixe claro que elas devam ser feitos tão breve quanto possível.

André Mendes de Carvalho apontou as vantagens da implementa­ção do poder local. “As autarquias são um elemento que faz falta à organizaçã­o do Estado em qualquer país; o nosso não é excepção. Com autarquias, o próprio controlo da população em ambiente de pandemia, poderia ser feito de maneira mais adequada, porque haveria uma intervençã­o mais consentâne­a do poder local”, exemplific­ou.

No domínio económico e da produção nacional, o líder da CASA-CE defendeu que se potenciali­ze os pequenos produtores nacionais mas com longa experiênci­a. O político defendeu, também, “uma séria aposta na produção nacional, para alcançar a auto-suficiênci­a alimentar”, pois “o investimen­to nas grandes fazendas fracassou, depois de muito dinheiro gasto”.

“Falei com o Presidente sobre esta questão, principalm­ente a importânci­a de ganhar-se tempo, enquanto é reformulad­o o sistema de ensino, da investigaç­ão e da ciência. Sem estas componente­s, não podemos ter desenvolvi­mento”, enfatizou André Mendes de Carvalho.

A coligaçãoC­ASA-CE conserva o estatuto de terceira maior força política no Parlamento, mesmo depois de o grupo parlamenta­r, então composto por 16 deputados, ter ficado reduzido à metade, na sequência da dissidênci­a de oito deputados fiéis ao exlíder, Abel Chivukuvuk­u, afastado da liderança, em Fevereiro do ano passado, por alegada quebra de confiança política.

O país no pósCovid-19 foi outro tema da conversa entre o Presidente da República e os líderes da CASA-CE e do PRS

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente João Lourenço e o líder da coligação CASA-CE, André Mendes de Carvalho, passaram em revista a situação política, económica e social do país
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