Contrabandistas persistem em violar o Estado de Emergência
Efectivos da Polícia de Guarda Fronteiras apreenderam grandes quantidades de combustíveis na ilha do Luamba, município do Soyo, província do Zaire. O produto é transportado em embarcações artesanais para a outra margem do rio Zaire na calada da noite e me
O contrabando de grandes quantidades de combustível na fronteira entre o município do Soyo, província do Zaire, e a República Democrática do Congo, parece não ter um fim à vista, mesmo com o Estado de Emergência, decretado devido à pandemia da Covid-19, que orienta o encerramento das fronteiras nacionais.
A situação preocupa o governador do Zaire, Pedro Makita, na medida em que já há circulação comunitária da pandemia na República Democrática do Congo. “Estamos preocupados com o contrabando de combustível, na medida em que há concidadãos nossos que, ao invés de primarem pela defesa e prevenção contra a Covid-19, colocam os interesses financeiros em primeiro lugar, comercializando combustível para a RDC”, lamentou o governador, que falava à imprensa à margem da jornada de campo às comunas de Mangue Grande, Quêlo e a sede municipal do Soyo, onde colocou a primeira pedra para a construção de três escolas do ensino primário, sendo duas de sete salas e uma de 12, no âmbito do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Pedro Makita deslocouse à ilha do Luamba, uma das 120 existentes ao longo do rio Zaire, onde lhe foi apresentado grandes quantidades de combustível e recipientes apreendidos, nos últimos dias, pela Polícia de Guarda Fronteiras.
O governador, que entregou três viaturas à Unidade da Polícia de Guarda Fronteiras
no Soyo, constatou ainda diversos produtos apreendidos, entre os quais arroz, feijão, leite em pó, whisky em pacote, fraldas descartáveis, grades de cerveja, botijas de gás, lixívia e fogões.
O Jornal de Angola apurou que os produtos tinham, igualmente, como destino a
República Democrática do Congo, sendo transportados em embarcações artesanais para a outra margem do rio Zaire na calada da noite.
A ilha do Luamba é maioritariamente habitada por cidadãos provenientes da República Democrática do Congo, que se dedicam essencialmente ao tráfico de combustível e à pesca artesanal, cujas residências são de construção precária. A Polícia recolheu no local centenas de recipientes, entre tambores e bidões, que serviam para a conservação de combustível.
Ávidos por ganhar dinheiro rápido, os traficantes perderam o medo e transportam as suas mercadorias até mesmo em plena luz do dia, desafiando as patrulhas da Polícia Nacional. No momento em que o governador visitava a ilha, quatro jovens foram interpelados em duas embarcações, tendo um deles fugido, quando transportavam para a ilha alguns bidões de combustível.
Nascimento Sumbo Adelino, morador da ilha do Luamba, que se apresentou como sendo coordenador adjunto desta circunscrição, acusou os efectivos da Polícia Nacional de estarem a facilitar os contrabandistas na travessia do rio Zaire, em troca da famosa “gasosa”.