Jornal de Angola

Mais de 140 líderes mundiais pedem vacina gratuita para todos

A carta foi também assinada pelo Presidente da África do Sul e da União Africana, Cyril Ramaphosa, do Presidente do Senegal, Macky Sal, e do Presidente do Ghana, Nana Addo Dankwa Akufo-Addo

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Mais de 140 líderes e especialis­tas mundiais, incluindo Durão Barroso, Fernando Henrique Cardoso e Joaquim Chissano, assinaram uma carta aberta na qual pedem a todos os governos que se unam para encontrar uma vacina gratuita contra a Covid-19.

A carta surge poucos dias antes de os ministros da Saúde dos 194 Estadosmem­bros da Organizaçã­o Mundial de Saúde reuniremse em teleconfer­ência, para a Assembleia Mundial da Saúde, agendada para a próxima segunda-feira.

A carta, que marca a posição mais ambiciosa de líderes mundiais sobre uma vacina para a Covid-19, exige que todas as vacinas, tratamento­s e testes sejam isentos de patentes, produzidos em massa, distribuíd­os de forma justa e disponibil­izados a todas as pessoas de todos os países de forma gratuita.

Entre os signatário­s constam o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro de Portugal José Manuel Barroso, o antigo Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, o ex-Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, além do antigo Presidente de TimorLeste e Prémio Nobel da Paz, José Manuel Ramos-Horta.

Entre os signatário­s, constam ainda a ex-directora da Unesco Irina Bokova, a antiga presidente da AssembleiG­eral das Nações Unidas Maria Fernanda Espinosa, a criadora da Fundação Graça Machel, o fundador da organizaçã­o Médicos Sem Fronteiras, Bernard Kouchner, e o ex-Presidente colombiano e Prémio Nobel da Paz, Juan Manuel Santos.

A carta foi também assinada pelos antigos primeiros-ministros espanhol Felipe González e italiano Mario Monti, além do Presidente da África do Sul e presidente da União Africana,

Cyril Ramaphosa, do Presidente do Senegal, Macky Sal, e do Presidente do Ghana, Nana Addo Dankwa Akufo-Addo.

Constam ainda o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown, o exPresiden­te do México Ernesto Zedillo, o ex-administra­dor do Programa de Desenvolvi­mento das Nações Unidas e a ex-Primeira-Ministra da Nova Zelândia Helen Clark.

A estes nomes juntamse economista­s notáveis, advogados da área da saúde e de outros campos pertencent­e à organizaçã­o os Anciões, a ex-Presidente da Irlanda Mary Robinson, o Prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, John Nkengasong, e o relator especial das Nações Unidas para o direito de todos usufruírem dos melhores tratamento­s em saúde física e mental, Dainius Puras.

“Milhões de pessoas aguardam uma vacina, a nossa maior esperança para acabar com a pandemia”, disse Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul.

“Como todos países de África, exigimos que a vacina para a Covid-19 seja livre de patentes, fabricada e distribuíd­a rapidament­e e gratuita para todos. Toda a ciência deve ser partilhada entre governos. Ninguém deve ser empurrado para o final da fila das vacinas devido ao sítio onde mora ou ao rendimento que consegue ter”, defendeu.

“Temos de trabalhar juntos para vencer este vírus. Temos de reunir todo o conhecimen­to, experiênci­a e recursos à nossa disposição para o bem de toda a humanidade”, afirmou Imran Khan, Primeiro-Ministro do Paquistão.

“Nenhum líder pode ficar tranquilo até todas as pessoas de todas as nações poderem ter acesso rápido e gratuito a uma vacina”, acrescento­u.

A carta, coordenada pelas organizaçõ­es não governamen­tais UNAIDS e Oxfam, alerta que o mundo não pode permitir monopólios ou concorrênc­ia que atrapalhem a necessidad­e universal de salvar vidas.

“Esta é uma crise sem precedente­s e requer uma resposta sem precedente­s”, considerou, por sua vez, a ex-Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.

“Depois das lições aprendidas na luta contra o Ébola, é óbvio que os governos devem remover todas as barreiras ao desenvolvi­mento e implantar rapidament­e vacinas e tratamento­s. Nenhum interesse é mais importante do que a necessidad­e universal de salvar vidas”, disse.

Os líderes que assinam a carta querem, no entanto, que haja, de imediato, um compromiss­o concreto, que garanta que a vacina fique acessível e disponível para todos o mais rapidament­e possível.

“As soluções de mercado não são ideais para combater uma pandemia”, reiterou o ex-ministro das Finanças do Brasil Nelson Barbosa.

“Um sistema público de saúde, incluindo vacinação e tratamento gratuitos, quando disponívei­s, é essencial para lidar com o problema, como mostra a experiênci­a brasileira com o licenciame­nto obrigatóri­o de medicament­os anti-retrovirai­s no caso do HIV”, concluiu.

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