CARTAS DOS LEITORES
Negrofobia na América
Há dias, assisti a um debate, numa cadeia de televisão estrangeira, sobre os assassinatos de negros nos Estados Unidos que, num outro espaço, alguém tinha caracterizado como versão moderna das formas de linchamento que sucediam no século passado. Numa era como esta, são muitas as cenas de assassinato de negros por questões, objectivamente, já catalogados como racialmente motivados. O país parece estar a ser acometido de uma espécie “negrofobia” na medida em que os cidadãos negros acabam baleados por tudo e por nada. não há semana em que um negro não apareça como nova estatística e em quase todos os casos, as pessoas envolvidas acabam absolvidas. Há estados em que não existe uma legislação específica sobre crimes de ódio e logo as pessoas responsáveis por balearem negros acabam por receber um tratamento judicial diferente dos outros Estados, mesmo tratando-se da perda de vida humana. Há dias, sucedeu na cidade de Atlanta, um assassinato de jovem afro-americano, que se encontrava a praticar exercícios físicos. Foi friamente assassinado por dois homens, pai e filho, que o confundiram com um ladrão em plena rua, desarmado e sem nenhuma evidência que levasse os dois a efectuarem disparos.
Ahmaud Arbery acabou morto no local e, embora os criminosos estejam já detidos, não há dúvidas de que dificilmente vão acabar devidamente penalizados. Num outro desenvolvimento, que também chocou profundamente a sociedade americana, foi assassinada pela polícia em casa e, imaginem, na cama em pleno sono, uma jovem. Em tempos, dizia-se que um dos problemas graves que enferma a sociedade americana a forma como os negros recebem tratamento do sistema de justiça do país. É incrível como os negros são cinco vezes mais propenso a ser incriminado e sempre que existam mortes envolvendo negros, a justiça é sempre lenta. Nos dois casos, verdadeiras pontas de um grande iceberg, os intervenientes no debate televisivo foram assertivos na defesa de um maior debate em torno das motivações raciais que estejam por detrás dos ataques fatais contra negros. Estranhamente, as autoridades americanas, useiras e vezeiras em fazer relatórios sobre os direitos humanos, visando outros países, nem tugem, nem mugem quando regularmente negros são vítimas de ataques raciais. Presumo que se está a acontecer com os negros ocorresse com um outro grupo minoritário, por exemplo, judeus, não duvido que o clamor de toda a sociedade faria parar por completo essa tendência do sistema judicial e criminal dos Estados Unidos. É uma vergonha autêntica, essas manifestações de negrofobia num país que se quer assumir como líder do chamado mundo livre.
Desobediência e resistência
Muitas vezes, a Polícia Nacional de forma pedagógica adverte para que todos cumpramos com as medidas, no quadro do Estado de Emergência. E como, lamentavelmente, é sempre de esperar, não faltam aqueles que, umas vezes evocando desconhecimento, outras desculpando-se “esfarrapadamente”, persistem na desobediência e resistência às autoridades.
Não faz sentido que estejamos, directa ou indirectamente, a afrontar a Polícia Nacional. Termino essa minha pequena carta, apelando para que as pessoas obedeçam às autoridades policiais.
ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda
ou por e-mail: escrevaconnoscoJA@gmail.com