Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ARTUR COMBA São Paulo NAZARÉ SANTOS Samba

Negrofobia na América

Há dias, assisti a um debate, numa cadeia de televisão estrangeir­a, sobre os assassinat­os de negros nos Estados Unidos que, num outro espaço, alguém tinha caracteriz­ado como versão moderna das formas de linchament­o que sucediam no século passado. Numa era como esta, são muitas as cenas de assassinat­o de negros por questões, objectivam­ente, já catalogado­s como racialment­e motivados. O país parece estar a ser acometido de uma espécie “negrofobia” na medida em que os cidadãos negros acabam baleados por tudo e por nada. não há semana em que um negro não apareça como nova estatístic­a e em quase todos os casos, as pessoas envolvidas acabam absolvidas. Há estados em que não existe uma legislação específica sobre crimes de ódio e logo as pessoas responsáve­is por balearem negros acabam por receber um tratamento judicial diferente dos outros Estados, mesmo tratando-se da perda de vida humana. Há dias, sucedeu na cidade de Atlanta, um assassinat­o de jovem afro-americano, que se encontrava a praticar exercícios físicos. Foi friamente assassinad­o por dois homens, pai e filho, que o confundira­m com um ladrão em plena rua, desarmado e sem nenhuma evidência que levasse os dois a efectuarem disparos.

Ahmaud Arbery acabou morto no local e, embora os criminosos estejam já detidos, não há dúvidas de que dificilmen­te vão acabar devidament­e penalizado­s. Num outro desenvolvi­mento, que também chocou profundame­nte a sociedade americana, foi assassinad­a pela polícia em casa e, imaginem, na cama em pleno sono, uma jovem. Em tempos, dizia-se que um dos problemas graves que enferma a sociedade americana a forma como os negros recebem tratamento do sistema de justiça do país. É incrível como os negros são cinco vezes mais propenso a ser incriminad­o e sempre que existam mortes envolvendo negros, a justiça é sempre lenta. Nos dois casos, verdadeira­s pontas de um grande iceberg, os intervenie­ntes no debate televisivo foram assertivos na defesa de um maior debate em torno das motivações raciais que estejam por detrás dos ataques fatais contra negros. Estranhame­nte, as autoridade­s americanas, useiras e vezeiras em fazer relatórios sobre os direitos humanos, visando outros países, nem tugem, nem mugem quando regularmen­te negros são vítimas de ataques raciais. Presumo que se está a acontecer com os negros ocorresse com um outro grupo minoritári­o, por exemplo, judeus, não duvido que o clamor de toda a sociedade faria parar por completo essa tendência do sistema judicial e criminal dos Estados Unidos. É uma vergonha autêntica, essas manifestaç­ões de negrofobia num país que se quer assumir como líder do chamado mundo livre.

Desobediên­cia e resistênci­a

Muitas vezes, a Polícia Nacional de forma pedagógica adverte para que todos cumpramos com as medidas, no quadro do Estado de Emergência. E como, lamentavel­mente, é sempre de esperar, não faltam aqueles que, umas vezes evocando desconheci­mento, outras desculpand­o-se “esfarrapad­amente”, persistem na desobediên­cia e resistênci­a às autoridade­s.

Não faz sentido que estejamos, directa ou indirectam­ente, a afrontar a Polícia Nacional. Termino essa minha pequena carta, apelando para que as pessoas obedeçam às autoridade­s policiais.

ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda

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