Níveis de produção sobem na Aldeia Nova para 22 mil toneladas
O novo coronavírus não afectou a produção da fazenda localizada no município da Cela, na província do Cuanza-Sul
O projecto Aldeia Nova, localizado no Cuanza-Sul, município da Cela, aumentou os níveis de produção de 16.800 toneladas de diversos produtos agrícolas da época anterior para 22 mil toneladas, na campanha 2019/2020.
Os dados foram avançados pelo director-geral, Kobi Trivizki, tendo igualmente revelado que os níveis de produção tendem a aumentar nas próximas colheitas.
O projecto Aldeia Nova, sob a alcançada do Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas, foi criado em 2011 e conta com 950 trabalhadores. Dos 10 mil hectares adjudicados, são explorados um conjunto de cereais, com destaque para o milho, cuja produção atingiu oito mil toneladas, a soja (5 mil toneladas), o sorgo (mil toneladas), o feno (5 mil) e a selagem (3 mil).
A fonte avançou que toda a produção destina-se para a alimentação dos animais existentes na cadeia produtiva da empresa, bem como para as indústrias alimentares.
Por falta de chuva, a Aldeia Nova teve prejuízos na produção de soja, na ordem de 400 toneladas. “Os imputes e os insumos agrícolas continuam a ser o nosso ‘calcanhar de Aquiles’, porque todos estes ainda têm de ser importados”, disse Kobi Trivizki.
O responsável afirmou que a Covid-19 ocorre felizmente numa fase em que a programação da campanha agrícola 2019/2020 já estava em acção, na medida em que 90% dos imputes e insumos têm sido adquiridos e alocados em Angola.
Sobre os incentivos do Governo aos produtores nacionais, Kobi Trivizki disse que o adiamento do pagamento fiscal não inibe o produtor a pagar, uma vez que “adia hoje e paga amanhã”, enquanto sobre a produção referiu que a falta de isenção e subsídios desfalece os grandes produtores.
“Com os pés assentes ao chão e com a pura realidade da situação e da responsabilidade que nos é incumbida, fazemos esforços para produzirmos alimentos para todos, com ou sem a Covid19”, esclareceu, para dizer mais adiante que os preços dos produtos nacionais estão mais caros no mercado, por causa dos custos de produção nacional, “pois, são duas ou senão três vezes mais altos que o valor sobre os produtos importados”.
Transparência comercial
Por outro lado, o directorgeral da Aldeia Nova responsabiliza os supermercados, por estarem a imputar margens mais altas nas prateleiras, para cobrirem as suas dificuldades financeiras actuais.
Exemplificando, Kobi Trivizki diz que os queijos chegam a Angola com um custo final de 2600 a 3500 kwanzas por quilograma, mas os comerciantes vendem o quilograma entre 5980 a 9800 kwanzas. “Contra as margens anteriores de 30 a 45%, agora trabalham com margens de 70 a 80% em alguns até 100%”, observou. Kobi Trivizki salientou que o cenário acontece com todos os produtos de primeira necessidade, mas que não estão na cesta básica, como queijo, manteiga e iogurte.
“Como fornecedores, não os conseguimos combater, enquanto as importações estiverem abertas, porque, logicamente, comprarão o produto com o preço que lhes permite ter maior margem de lucro e continuarem com preços que acompanhem a concorrência”, sentencia.
Kobi Trivizki acrescentou que, “infelizmente, os comerciantes comportamse de acordo com a ‘lei da sobrevivência comercial e financeira’, isto é, como não podem aumentar no arroz, na farinha e na massa, porque estão a ser minimamente fiscalizados, imputam nos produtos que a população precisa, mas que o Estado não os considera de primeira necessidade”.
O responsável sugere que o Governo subsidie parte dos custos de produção de empreendedores locais bem identificados, bem como que insira mais produtos à cesta básica, “visto que existem vários produtos que são de primeira necessidade, excluídos da cesta básica, que merecem uma séria reflexão e estudo, visto que a Covid-19 veio e destapou as verdades ocultas”.
O excesso de desemprego vertiginoso e falta de salários deu origem à fraca procura de produtos, criando uma enchente nas prateleiras, caducidade dos produtos e falência de várias empresas. “As fazendas ficaram sem poder escoar os seus produtos, por falta de pedidos dos clientes, originando fechálas, além da morte em grande escala de animais”, sustentou o director-geral do Projecto Aldeia Nova.