Bélgica quer mais cooperação nos diamantes
Embaixador belga acreditado em Angola, Jozef Smets, falou, igualmente, do interesse do seu país no sector portuário
A Bélgica manifestou interesse em aprofundar a cooperação com Angola no sector diamantífero, para “fortalecer” a capacidade de controlo de qualidade e origem dos diamantes, proporcionando maior transparência. O país está também a acompanhar, atentamente, a reestruturação do sector. O embaixador belga em Angola, Jozef Smets, citado pela Lusa, manifestou-se “um pouco surpreendido por ver que parte da produção diamantífera de Angola sai para outros lugares onde há menos transparência” que Antuérpia, que garante, também, maior capacidade para gerar receitas.
A Bélgica quer aprofundar a cooperação com Angola no sector diamantífero para “fortalecer” a capacidade de controlo de qualidade e origem dos diamantes, proporcionando maior transparência, acompanhando, atentamente, a reestruturação do sector, afirmou fonte diplomática, citada pela Lusa.
O embaixador belga em Luanda, Jozef Smets, sublinhou que a Bélgica é um “parceiro modesto” de Angola, mas com uma presença histórica, enfatizando a proximidade do Congo.
“Embora não estejamos no grupo dos grandes parceiros comerciais, temos uma vocação africana, e uma presença contínua faz parte da nossa política externa”, salientou Smets, destacando o interesse em parcerias no sector dos diamantes.
O diplomata apontou o papel de Antuérpia no sector, sublinhando que este centro de negócios só sobrevive com garantia total de transparência. “Não podemos, numa economia transparente como a belga, permitir a falta de transparência num sector muito delicado”, frisou Jozef Smets, elogiando a “participação bem forte” de Angola no Processo de Kimberley.
Criado em 2003, o Processo de Kimberley visa a certificação de origem de diamantes para evitar a compra e venda de “diamantes de sangue”, provenientes de áreas de conflito, e evitar o financiamento de armas em países africanos.
No entanto, o embaixador belga mostrou-se “um pouco surpreendido por ver que parte da produção diamantífera de Angola sai para outros lugares, onde há menos transparência” do que Antuérpia, o que garante, também, maior capacidade para gerar receitas.
O Presidente angolano, João Lourenço, que visitou a Bélgica em 2018, pôde ver “como funciona esse sector”, que dá garantia de vendas “nas melhores condições e que as receitas entram, de facto, no Orçamento do Estado”, indicou o embaixador.
Em Novembro do ano passado, o presidente do Conselho dos Diamantes de Antuérpia, Nishit Parivih, foi recebido por João Lourenço, com quem abordou iniciativas e parcerias de desenvolvimento no sector diamantífero em Angola.
Jozef Smets considerou que a reforma institucional em curso no sector diamantífero vai tornar o país mais atractivo para as empresas belgas. “Angola está a fazer essa reestruturação do sector diamantífero, estamos a acompanhar esse processo e queremos oferecer, essencialmente, parcerias para fortalecer a capacidade angolana no controlo da qualidade e, também, da origem dos diamantes” para melhorar a transparência, declarou.
“Sabemos que as autoridades estão preocupadas com as actividades informais nas minas de diamantes promovidas pelas pessoas que atravessam a fronteira e trabalham sem controlo, nem transparência, e temos em comum com as autoridades a vontade de fortalecer a transparência”, reforçou o diplomata. Josef Smets reconheceu que o sector diamantífero, como o do petróleo, atravessam “uma fase muito difícil” devido aos efeitos da pandemia da Covid-19, mas mostrou-se convicto que os esforços do país vão continuar a ser apoiados pelas instituições europeias e multilaterais.
A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) perspectiva uma redução em 20 por cento da produção de diamantes este ano, na ordem dos 10 milhões de quilates.
Sector portuário
A Bélgica olha, também, com interesse para o sector portuário e Jozef Smets considerou que esta é, igualmente, uma oportunidade para diversificar a economia.
Do lado de Antuérpia, a ideia seria entrar na gestão de um dos portos, adiantou, apontando os complexos portuários do Soyo ou Cabinda como preferenciais.
Antuérpia tem ligação a vários portos em África, inclusive no Congo e no Benin, e poderia “atrair outros actores e investidores”, pois é um “parceiro credível”, sublinhou o diplomata. “Sabemos que Angola está interessada em desenvolver o sector petroquímico e a presença de Antuérpia poderia atrair empresas desse sector. No contexto da diversificação da economia angolana, talvez este seja o primeiro sector a diversificar”, sugeriu.
A incerteza provocada pela Covid-19 traz, no entanto, dificuldades acrescidas à actuação do Presidente João Lourenço, em relação à qual o embaixador destacou o “combate sério à corrupção” e a política de abandonar a dependência do sector petrolífero.
O embaixador Jozef Smets sublinhou que a Bélgica é um “parceiro modesto” de Angola