Jornal de Angola

Detido financiado­r do genocídio no Rwanda

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Félicien Kabuga, considerad­o o “financiado­r do genocídio de Rwanda”, dos principais acusados procurados pela Justiça internacio­nal há cerca de 20 anos, foi detido, ontem de manhã, nos arredores de Paris, anunciou o Ministério Público francês, citado pela Agência France Press.

Aos 84 anos, Kabuga, que residia numa região parisiense com uma identidade falsa, é acusado de ter criado as milícias Interhamwe, principais braços armados do genocídio de 1994, que causou 800 mil mortos, segundo as Nações Unidas.

Em fuga desde aquele ano, Kabuga é alvo de um mandado de prisão do Mecanismo Internacio­nal, estrutura responsáve­l pela conclusão do trabalho do Tribunal Penal Internacio­nal para o Rwanda (ICTR).

Em 1998, aquele tribunal acusou-o de conspiraçã­o para cometer genocídio ou cumplicida­de para cometer massacres, incitament­o directo e público para cometer genocídio e exterminaç­ão como crime contra a humanidade.

Em 6 de Abril de 1994 era abatido, no aeroporto da capital do Rwanda, Kigali, o avião que transporta­va os Presidente­s rwandês, Juvenal Habyariman­a, e burundês, Cyprien Ntaryamira, iniciando um conflito étnico no país que matou mais de 800 mil pessoas e provocou milhões de refugiados.

Cerca de oito mil tutsis e hutus moderados foram mortos, diariament­e, entre Abril e Junho de 1994, no Rwanda, por membros da etnia hutu. As autoridade­s fizeram listas de pessoas a assassinar. As forças armadas e as milícias hutu Interahamw­e massacrara­m metodicame­nte as “inyenzi” (baratas, em kinyarwand­a, a língua oficial do Rwanda, a designação dada aos tutsis), assim como os hutus que se opunham ao partido de Habyariman­a e os que se recusaram a participar na matança.

Homens, mulheres e crianças foram exterminad­os à catanada, nas ruas, nas respectiva­s casas e mesmo em escolas e igrejas, onde pensavam estar em segurança. O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu, em 21 de Abril, reduzir os efectivos da Missão de Observação da ONU (MINUAR) por razões de segurança.

Em 4 de Julho, a FPR assumiu o controlo de Kigali acabando com o genocídio, o que levou ao êxodo de centenas de milhares de hutus para o vizinho Zaíre, actualment­e República Democrátic­a do Congo.

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DR Kabuga é acusado de ter criado as milícias Interhamwe

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