Mais de 300 empregadas domésticas foram despedidas na Guiné-Bissau
O presidente da ANAPROMED disse ter recebido denúncias de despedimentos de 318 empregadas, sendo que 260 em Bissau, 30 em Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, 18 em Gabu e 10 em Bafatá, regiões do Leste do país
O presidente da Associação de Protecção das Mulheres Empregadas e Domésticas (ANAPROMED) da GuinéBissau, Sene Cassamá, disse à Lusa que mais de 300 empregadas foram despedidas e 17 estão contaminadas pela Covid-19.
Segundo Cassamá, as denúncias de contaminação têm chegado “todos os dias” à sede da associação, situada no Bairro Militar, em Bissau, através de contactos de familiares das empregadas domésticas.
Em contacto com o Centro Operacional de Emergência de Saúde (COES), estrutura do Governo que lida com a pandemia do novo coronavírus na GuinéBissau, Cassamá disse ter obtido a confirmação e ainda ter sido informado de que haverá mais empregadas infectadas.
“Estas pessoas foram contaminadas nos seus locais de trabalho pelos seus patrões”, observou Sene Cassamá, que espera do Governo iniciativas de apoio às vitimas e às respectivas famílias.
O presidente da ANAPROMED apontou o exemplo de Cabo Verde, onde, disse, o Estado tem apoiado financeiramente os trabalhadores de baixa renda, nomeadamente, as empregadas domésticas.
Sene Cassamá defendeu que “algo deve ser feito” para minimizar a estigmatização que vai recair sobre aquelas pessoas. O que mais preocupa Cassamá é, no entanto, o número de empregadas domésticas despedidas nos últimos 40 dias, desde que o país começou a observar o Estado de Emergência, decretado pelas autoridades para conter a propagação do vírus.
O presidente da ANAPROMED disse ter recebido denúncias de despedimentos de 318 empregadas, sendo que 260 em Bissau, 30 em Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, 18 em Gabu e 10 em Bafatá, regiões do
Leste do país.
Sene Cassamá receia que haja “muito mais empregadas despedidas” e que ainda não conseguiram contactar a associação em Bissau. Dados do último recenseamento, feito em 2017, apontam que só em Bissau existem 7.438 empregadas domésticas.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prolongou na segunda-feira o Estado de Emergência até 26 de Maio e decretou o recolher obrigatório entre às 20 e às 6 horas, bem como o uso obrigatório de máscara, no âmbito do combate à pandemia. Além daquelas medidas, os guineenses também só estão autorizados a sair de casa entre às 7 e às 14 horas.
O número de infecções provocadas pela Covid-19 na Guiné-Bissau aumentou ontem para 969 e o de vítimas mortais manteve-se em quatro, segundo o Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) guineense.
“O total de casos acumulados é de 969”, afirmou Dionísio Cumba, coordenador do COES, na conferência de imprensa diária sobre a evolução da doença no país.
Segundo o médico guineense, nas últimas 24 horas, foram realizadas 92 análises a novos casos suspeitos, dos quais 56 deram positivo, elevando para 969 o número de casos acumulados no país. A quantidade de recuperados mantémse nos 26, acrescentou.
Dionísio Cumba referiu também que estão 78 pessoas em confinamento em duas unidades hoteleiras de Bissau, 20 internadas no Hospital Nacional Simão Mendes, também na capital, cinco dos quais em estado grave, e três pessoas estão internadas no hospital de Cumura.
Mundo
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 307 mil mortos e infectou mais de 4,5 milhões de pessoas, em 196 países e territórios. Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.
Em África, há 2.630 mortos confirmados, com mais de 78 mil infectados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes. Entre os países africanos que têm o Português como Idioma, a Guiné-Bissau lidera em número de infecções (969 casos e quatro mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (522 e seis mortos), Cabo Verde (326 e duas mortes) e São Tomé e Príncipe (231 e sete mortos), Moçambique (119).
O país lusófono mais afectado pela pandemia é o Brasil, com quase 15 mil mortes e mais de 218 mil infecções.